Somente extremistas e islamofóbicos dizem que a
“Jihad” está relacionada à violência?
Na onda da declaração de “Jihad” contra o Presidente Trump, feita pela
ativista muçulmana norte-americana Linda
Sarsour, é que os supremacistas islâmicos e os esquerdistas adotaram a
narrativa de que “somente grupos
terroristas e islamofóbicos afirmam que a Jihad está relacionada à violência”.
O membro do CAIR (Conselho de Relações Islâmicas na Américas), ligado ao
grupo terrorista palestina Hamas, Hussam
Ayloush, disse a mesma coisa, num outro tweet:
“Não é coincidência que ambos, o
Estados Islâmico e os islamofóbicos representam falsamente a Jihad como
terrorismo? Não, os dois grupos buscam a guerra global de civilizações”
A clara intenção aqui é, não só
intimidar as pessoas para que não acreditem que a Jihad envolve violência, e incutir-lhes o medo de serem acusadas de
associar-se a “grupos de ódio”, mas também de associar os inimigos do terror
jihadista a esses mesmos grupos, estigmatizando assim a resistência ao terror
jihadista como “extremistas da ultradireita”.
Só tem um obstáculo a esse objetivo:
a verdade. Alguém pode facilmente ter a percepção de que a Jihad envolve
violência, não só por meio de terroristas e “islamofóbicos”, mas também de
autoridades islâmicas do ramo “sunita”, as escolas de jurisprudência sunita
(madhahib):
Escola Shafi’i: Um manual da
Escola Shafi’i de legislação
islâmica, certificado em 1991 pelos clérigos da Universidade Al-Azhar [Cairo, Egito], uma das mais
respeitadas do mundo islâmico, como “confiável
guia para a ortodoxia Sunita”, estabelece a respeito da Jihad que o califa
declara guerra contra Judeus, Cristãos e Zoroastristas... até que eles se
convertam ao Islã ou paguem o tributo dos não muçulmanos (Jizya).”
Acrescenta um comentário do Xeique Nuh Ali Salman, um especialista jordaniano
em jurisprudência islâmica: “o califa
declara essa guerra somente depois de assegurar-se ter sido feito o convite
[aos Judeus, Cristãos e Zoroastristas] a aderiram ao mundo social do Islã, na
fé e na prática, pagando o tributo dos não muçulmanos (Jizya) … enquanto
permanecerem praticando suas religiões ancestrais.” (‘Umdat al-Salik, o9.8).
É claro que não existe um califa
atualmente, a não ser para quem acredita na declaração do Estado Islâmico de
que Osama [Bin Laden] e a al-Qaeda praticam a Jihad ilegitimamente, por não terem a autoridade formal [califado]
para autorizarem a Jihad.
Mas explicam as ações deles em termos
da Jihad defensiva, que não necessita
de autoridade formal [califado] para estabelece-la e se torna “obrigatória para todos” (‘Umdat
al-Salik, o9.3) se um país muçulmano é atacado. A finalidade da Jihad
defensiva, no entanto, não é a pacífica e igualitária coexistência com não
muçulmanos: ‘Umdat al-Salik especifica que a guerra contra os
não muçulmanos deve continuar
“até o retorno final de Jesus [o Profeta do Islã e não o Jesus Cristo] e
depois disso nada a não ser o Islã será aceito deles, porque o pagamento do
tributo 9Jizya) só é válido até o retorno de Jesus” (o9.8).
Escola Hanafi: O manual de
legislação islâmica da Escola Hanafi
repete as mesmas injunções. Insiste que as pessoas devem ser chamadas a
abraçarem o Islã antes de serem
combatidas, “porque o Profeta assim
instruiu seus comandantes, orientando-os a chamaram os infiéis a submeterem-se à
[verdadeira] fé.” Enfatiza que a Jihad
não deve ser praticada para ganhos econômicos, mas somente por razões
religiosas:
“Com o convite ao Islã, as
pessoas então perceberão que estão sendo atacadas em nome da religião e não
para tomar as propriedades delas, ou para escravizar suas crianças e com essas
considerações é possível que elas sejam induzidas a atenderem ao chamado, para
poupar as próprias vidas das atribulações da guerra.”
Entretanto, “se os infiéis, depois de receberem o chamado, não consentirem ou não
concordarem em pagar o tributo (Jizya), é obrigatório aos muçulmanos clamarem
pela assistência de Allah e declarar guerra a eles, porque Allah ajudará
àqueles que O servem e destruirá os inimigos Dele, os infiéis, e é necessário
implorar Sua ajuda em todas as ocasiões; além de tudo, o Profeta comanda fazer assim.”
(Al-Hidayah, II.140)
Escola Maliki: Ibn Khaldun (1332-1406), um historiador
pioneiro e filósofo, foi também um teórico Maliki.
Em seu renomado “Muqaddimah”, o
primeiro trabalho sobre teoria histórica, ele cita que “na comunidade muçulmana, a guerra santa é uma tarefa religiosa, por
causa da universalidade da missão muçulmana e (obrigação de) converter todos ao
Islã, ou por persuasão ou pela força.” No Islã, a pessoa no comando dos assuntos religiosos deve também ocupar-se
com o “poder político”, porque no Islã “é
obrigatório conquistar o poder sobre outras nações.”
Escola Hanbali: O grande teórico
medieval do que é comumente conhecido atualmente como Islã radical ou fundamentalista, Taqi al-Din Ahmad Ibn Taymiyya (1263-1328), foi um jurista Hanbali. Ele estabeleceu que “como a guerra legítima é essencialmente a jihad
e como o objetivo dela é que a religião de Allah e a palavra de Allah esteja
acima de tudo, e assim, de acordo com todos os muçulmanos, aqueles que permanecem
no caminho desse objetivo devem ser combatidos.” Esse é também o pensamento
dos eruditos islâmicos atuais.
Majid Khadduri foi um erudito iraquiano da legislação islâmica de renome internacional.
Em seu livro “Guerra e Paz na Legislação
do Islã”, publicado em 1955, permanece com um dos mais lúcidos e iluminados
trabalhos no assunto, Khadduri declara
sobre a Jihad:
“O
estado considerado como instrumento para universalização de uma determinada
religião deve ser necessariamente em permanente estado de expansão. O estado
islâmico, cuja principal função é colocar em prática a lei de Allah, procura
estabelecer o Islã como a ideologia reinante sobre o mundo inteiro... A Jihad é
assim empregada como um instrumento natural para ambas, a universalização da
religião e o estabelecimento de um estado imperial mundial.” (P. 51)
Imran Ahsan Khan Nyazee, Professor Assistente da Faculdade
da Shari’ah [Lei Islâmica] da
Universidade de Islamabad [Paquistão], em seu livro publicado em 1994, “A Methodology of Ijtihad” [Metodologia
de Reflexão Interior], ele cita a décima segunda centúria do jurista Maliki, Ibn Rushd,
“Os juristas muçulmanos concordam que o propósito de combater o ‘Povo da
Bíblia’ [Judeus e Cristãos]... é uma de duas coisas: a conversão deles ao Islã
ou o pagamento da ‘Jizya’ [tributo dos não muçulmanos]”. Nyazee conclui: Isso
não deixa a menor dúvida sobre que o objetivo principal da comunidade
muçulmana, aos olhos dos juristas, é disseminar a palavra de Allah por meio da
Jihad, com a opção do pagamento do tributo [Jizya] somente depois da subjugação
total dos não muçulmanos”.
Tudo isso deixa claro haver
abundantes razões para concluir que a “Jihad”
envolve violência, sem sequer precisar referir-se a ambos, “terroristas” ou
“islamofóbicos”. Mas Mehdi Hasan e Hussam
Ayloush nunca dirão isso a vocês.
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O texto original, em inglês, pode ser lido no link abaixo:
Twitter: @spacelad43
Contato: spacelad43@gmail.com
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