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Problema de Trânsito no DF não é Causado Só Pelo Tráfego

Problema de Trânsito no DF não é Causado Só Pelo Tráfego
 (16/03/2017)

Agora que conseguiu realizar um dos seus grandes sonhos, ser a única cidade do mundo a implantar racionamento de água em plena época das chuvas, o governo de Brasília vai poder concentrar suas energias na realização do seu segundo grande sonho: implantar o rodizio de veículos em todo Distrito Federal.


Duas ou três vezes por ano toda a mídia do Distrito Federal coloca simultaneamente na pauta de reportagens os problemas de trânsito de Brasília.

Mostram os engarrafamentos, carros estacionados em locais proibidos, veículos em péssimas condições, motoristas dirigindo sem cinto de segurança e por aí afora.

Logo começam a falar sobre o excesso de veículos em circulação e dos maus hábitos dos motoristas dirigindo em alta velocidade e logo anunciam o aumento da quantidade de radares fixos e móveis como solução para reduzir a quantidade de acidentes de trânsito.

Passam a incentiva a instalação de mais lombadas, todo o tipo de lombadas, eletrônicas, superficiais, pequenas, grandes, gigantes, principalmente em locais de tráfego intenso, como acontece nas quadras comerciais. Tudo é feito para reduzir a velocidade do trânsito e dificultar a vida dos motoristas.

Falam sobre a necessidade da cobrança em estacionamentos públicos, anunciando o início de novos estudos para implantar o rodízio de tráfego de veículos. É só olhar a quantidade de carros estacionados precariamente, obstruindo o tráfego das as ruas centrais para constatar que o problema não é o tráfego, o principal problema de trânsito de Brasília é a falta de estacionamentos, públicos ou privados, principalmente nas regiões centrais.

E a falta de estacionamentos é sentida principalmente em regiões de grande concentração de edifícios públicos e nas quadras comerciais.

As quadras residenciais do plano-piloto (Asa Sul, Norte e Setor Sudoeste) estão bem servidas de estacionamento e seus problemas de estacionamento só existem por causa dos frequentadores obrigados a estacionarem seus carros nos estacionamentos residenciais, exatamente por falta de espaço nas áreas comerciais.

Não falam que a última grande obra para aumento de quantidade de locais de estacionamento foi feita ainda durante o regime militar, na década de 1970, quando a quantidade de veículos era de menos 300 mil carros, estando agora em 2016 com uma frota de quase dois milhões de carros.

Na década de 1980 chegou a ser iniciadas a construção de um na via W3 sul, ao lado do Setor Hoteleiro, mas o prédio foi abandonado e finalmente foi implodido em 2007. Não sei o que foi edificado naquele local.

Brasília deve ser uma das poucas cidades do mundo com mais de 2 milhões de habitantes onde não sequer um edifício-garagem, de grande capacidade, tanto na superfície ou como subterrâneo.

A maior obra de construção de estacionamentos foi feita em frente ao privatizado aeroporto de Brasília, com a destruição da Praça Santos Dumont, transformada em estacionamento pago.
Nenhuma entidade protestou contra a destruição da praça. 

O busto do nosso pioneiro da aviação foi despejado de sua praça e jaz agora solitário e melancólico, espremido na estreita calçada entre o estacionamento e o aeroporto.

Não explicam a razão de não construírem um edifício-garagem com vários andares e milhares de vagas de estacionamento, como existem em vários outros aeroportos brasileiros e na maioria dos grandes aeroportos de todo o mundo.

Quanto o problema realmente estourar, os dirigentes vão jogar a culpa na falta de colaboração dos proprietários de veículos ao preferirem usar seus carros em vez do péssimo serviço de transporte público que os próprios governantes oferecem.

Os dirigentes do DF já realizaram o primeiro de seus almejados sonhos, o racionamento de água e, do jeito que administram, a realização do segundo será apenas uma questão de uns poucos meses.

                                                                                    Luigi B. Silvi



Contato: spacelad43@gmail.com






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