Pular para o conteúdo principal

Mídia e Governo do DF Novamente Unidos Contra a População

Mídia e Governo do DF Novamente Unidos Contra a População
(28/03/2017)

O telejornal DF-TV da Rede Globo de 28/03/2017 apresentou uma reportagem tendenciosa sobre a notícia que o governo do Distrito Federal está lançando um edital de licitação para a realização da cobrança nos estacionamentos públicos da região central de Brasília e no Setor Hospitalar Sul.


Informou que a última tentativa de cobrança dos estacionamentos foi feita há 14 anos e que o governo naquela ocasião desistiu por causa da grande reação da população.

Quer dizer, o problema de estacionamento já existia há 14 anos e de lá para cá o governo nada fez para reduzir a carência de estacionamento.

Um “especialista” em trânsito fez considerações sobre a inevitabilidade da cobrança dos estacionamentos para disciplinar o trânsito nas regiões centrais de Brasília.

Na segunda parte da reportagem a equipe foi a algumas quadras residenciais denunciar “abusos” cometidos por moradores de prédios residenciais para resolver os problemas de estacionamento de seus veículos.

Entrevistaram várias pessoas para comentarem o assunto e um “especialista” chegou a mencionar Oscar Niemeyer e Lúcio Costa para declarar que “os moradores pertencem à quadra, mas a quadra não pertence aos moradores”, como se a quadra fosse mais importante que as pessoas.

O repórter chegou a mencionar o uso indevido de uma lei do tempo da “ditadura militar” para deslegitimar a ação dos moradores. A mídia e o governo não têm o mesmo rigor legal quando tratam dos abusos dos bares que ocupam áreas públicas e calçadas e apresentam música em alto volume perturbando o sossego dos moradores da vizinhança.

Em toda a reportagem, nem os repórteres, nem os “especialistas” contratados, mencionaram sequer uma única vez a necessidade de aumentar a quantidade de vagas de estacionamento, construindo edifícios-garagem, como faz a maioria das grandes metrópoles.

Só enfatizaram a cobrança dos estacionamentos. Pareciam todos frenéticos para viabilizarem a cobrança. O vídeo com a reportagem pode ser visto neste link.


Aliás, praticamente todas as vagas de estacionamento do DF são as mesmas já existentes em 1985, último ano do governo militar, quando o governador do DF ainda era nomeado pelo Presidente da República.

Na verdade, a última tentativa de cobrança dos estacionamentos públicos não foi há 14 anos.  A cada dois ou três anos o governo do DF faz um ensaio, contratando toda a mídia do Distrito Federal para colocarem na pauta reportagens sobre os problemas de trânsito de Brasília. 

A última foi em 2016, como pode ser visto nesta reportagem, mostrando como a reportagem de hoje foi tendenciosa.

Mostram engarrafamentos, carros estacionados em locais proibidos, veículos em péssimas condições, motoristas dirigindo sem cinto de segurança e por aí afora.

Logo começam a falar sobre o excesso de veículos em circulação e dos maus hábitos dos motoristas dirigindo em alta velocidade e logo anunciam o aumento da quantidade de radares fixos e móveis como solução para reduzir a quantidade de acidentes de trânsito.

Em 2016 o governo fez mais um ensaio sobre a necessidade da cobrança em estacionamentos públicos e anunciava o início de novos estudos para implantar o rodízio de tráfego de veículos. É só olhar a quantidade de carros estacionados precariamente, obstruindo o tráfego das as ruas centrais para constatar que o problema não é só o tráfego, o principal problema de trânsito de Brasília é a falta de estacionamentos, públicos ou privados, principalmente nas regiões centrais.

A falta de estacionamentos é sentida principalmente em regiões de grande concentração de edifícios públicos e nas quadras comerciais. As quadras residenciais do plano-piloto (Asa Sul, Norte e Setor Sudoeste) estão bem servidas de estacionamento e seus problemas de estacionamento só existem por causa dos frequentadores dos comércios, obrigados a estacionarem seus carros nos estacionamentos residenciais, exatamente por falta de espaço nas áreas comerciais.

Não falam que a última grande obra para aumento de quantidade de locais de estacionamento foi feita ainda durante o regime militar, na década de 1970, quando a quantidade de veículos era de menos 300 mil carros, estando agora em 2017 com uma frota de quase dois milhões de carros.

Na década de 1980 chegou a ser iniciadas a construção de um edifício-garagem na via W3 sul, ao lado do Setor Hoteleiro, mas o prédio foi abandonado e finalmente foi implodido em 2007

Brasília deve ser uma das poucas cidades do mundo com mais de 2 milhões de habitantes onde não existem edifícios-garagem, na superfície ou subterrâneos.

A maior obra de construção de estacionamentos foi feita em frente ao privatizado aeroporto de Brasília, com a destruição da Praça Santos Dumont, transformada em estacionamento pago.  Nenhuma entidade protestou publicamente contra a destruição da praça.

O busto do pioneiro da aviação foi despejado de sua própria praça e jaz agora solitário e melancólico, espremido na estreita calçada da via localizada entre o estacionamento e o setor de desembarque o aeroporto.

Não explicam a razão de não construírem um edifício-garagem com vários andares e milhares de vagas de estacionamento, como existem em vários outros aeroportos brasileiros e na maioria dos grandes aeroportos de todo o mundo.

Quanto o problema realmente estourar, os dirigentes vão jogar a culpa na falta de colaboração dos proprietários de veículos ao preferirem usar seus carros em vez do péssimo serviço de transporte público que os próprios governantes oferecem.

Os dirigentes do DF já realizaram o primeiro de seus almejados sonhos, o racionamento de água (em plena época das chuvas) e do jeito que administram, a realização do segundo sonho será apenas uma questão de uns poucos meses.

                                                                                    Luigi B. Silvi



Contato: spacelad43@gmail.com














Comentários