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A Mulher Sob a Sharia: 8 Razões Pelas Quais a Lei Islâmica é Injusta para as Mulheres

A Mulher Sob a Sharia: 8 Razões Pelas Quais a Lei Islâmica é Injusta para as Mulheres
Uma essencial comparação acadêmica dos direitos das mulheres submetidas à Sharia e na legislação ocidental.
Por Immanuel Al-Manteeqi · @Al_Manteeqi | 6 de setembro de 2016

No Ocidente as mulheres são vistas como seres iguais aos homens tanto sob a perspectiva ontológica como pela jurídica. Isso não quer dizer que as mulheres nunca foram discriminadas injustamente no Ocidente. Pelo contrário, é uma triste verdade da história que através dos séculos as mulheres foram bastante discriminadas nas sociedades ocidentais.
Na verdade, [nos Estados Unidos] o direito a voto só foi concedido às mulheres em 1920, com a ratificação da Nona Emeda à Constituição, estabelecendo que “o direito dos cidadãos dos Estados Unidos da América de votar não será negado ou obrigatório nos Estados Unidos ou em qualquer de seus territórios por causa de gênero”.  Mas, pelo menos em várias décadas recentes, a ideia predominante no ocidente já é que homens e mulheres são iguais e que as mulheres têm os mesmos direitos que os homens têm.
Atualmente existem vários princípios consagrados na legislação ocidental para proteger os direitos das mulheres. Por exemplo, no ocidente, o testemunho de uma mulher é universalmente assegurado – inclusive nos tribunais – como tendo o mesmo valor do testemunho de um homem. Violência doméstica contras esposas no ocidente é estritamente proibida, embora, infelizmente, é ainda praticada por alguns maridos. Além disso, o pedido de divórcio pela esposa tem as mesmas regras que o divórcio pedido pelo marido.
Adicionalmente, não há discriminação contra mulheres em relação ao direito de herança. A mulher não é relegada de sua justa parte da herança somente pelo fato dela ser mulher. No ocidente as mulheres podem, na maioria das ocasiões, vestirem-se do jeito que quiserem, sem grande repercussão social – e certamente sem qualquer repercussão legal.
A prática de poligamia é estritamente proibida em países ocidentais. A codificação da monogamia em leis vem já dos tempos dos Greco-Romanos. Aliás, a poligamia é vista como uma prática imoral, mas também porque rebaixa as mulheres. Mais ainda, países ocidentais posicionam-se categoricamente na proibição dos homens terem relações sexuais com meninas ainda na pré-puberdade. Não é preciso dizer que os países ocidentais proíbem estritamente a seus soldados de tomarem mulheres como escravas sexuais.
Em resumo, países ocidentais atualmente tratam as mulheres em geral como iguais aos homens, e não há dúvida que as mulheres gozam de liberdade individual. Países ocidentais são os melhores lugares para as mulheres viverem, onde podem ascender aos mais altos cargos das nações (veja a Chanceler alemã Ângela Merkel e a Primeira-Ministra do Reino Unido, Theresa May), por meio de procedimentos democráticos e onde não há obstáculos teóricos para as lideranças femininas.
1. Sob a Sharia, Esposas Podem Ser Espancadas
Se por um lado pelas leis ocidentais mulheres e homens são iguais, sob a sharia as mulheres não são iguais aos homens, mas sim consideradas inferiores. Mulheres são objeto de muitas considerações de desigualdade nos textos básicos mais antigos do Islã, que formam a base da Sharia. Por exemplo, de acordo com o Quran 4:34, os maridos têm o direito de espancar suas esposas se “desconfiarem de desobediência” (o que implica que não ser necessária a ocorrência da desobediência para justificar o espancamento, basta apenas a “desconfiança”).
“Homens são os tutores dos interesses das mulheres porque Allah preferiu dar a eles as propriedades delas e porque eles gastam de suas próprias propriedades com o sustento delas. Mulheres virtuosas são, portanto, obedientes, guardando [na ausência do marido] aquilo que Allah deu a ele para guardar. Aquela que você desconfia ser rebelde, advirta-a; proíba-a de dormir na sua cama e se ela persistir, espanque-a. Se então elas obedecem não faça mais nada contra elas; Allah é Todo-Poderoso, O Supremo”.
A permissão de espancamento da esposa em caso de comportamento impróprio (real ou imaginário) é também encontrada no “Discurso de Adeus” ou “O Último Sermão” de Maomé, que tem sido preservado na Sira, de Ibn Ishaq, a mais antiga é mais confiável biografia de Maomé existente. [1]
2. Sob a Sharia, Mulheres têm Menos Direitos que Homens
De acordo com o Quran 2:282, o testemunho de uma mulher vale só a metade do testemunho de um homem.
“E tragam duas testemunhas representadas por homens. E se não houver dois homens [disponíveis], então pode ser um homem e duas mulheres entre as que aceitarem testemunhar, de maneira que se uma das mulheres errar, então a outra poderá corrigi-la”.

Conforme diz o Quran 4:11 e o Quran 4:176, “uma mulher pode herdar somente a metade do que seu irmão herdar”. Além disso, como o Professor Samīr Khalīl Samīr, um especialista no idioma árabe, com dois doutorados e antigo conselheiro do Papa Bento XVI em Islã e de assuntos do Oriente Médio, explica, sob a Sharianum casamento [religioso] misto[onde a esposa é não-muçulmana], a esposa não tem direito à herança do marido se não se converter ao Islã”. [2]
3. Sob a Sharia, Casamento e Relacionamento Sexual com Meninas na pré-Puberdade São Permitidos
De acordo com o Quran 65:4, relações sexuais com meninas que ainda não tiveram seu primeiro ciclo menstrual (i.é. meninas impúberes) são permitidas. O verso sobre isso encontra-se no capítulo 65 do al-Talaq (Divórcio), que começa estabelecendo que “quando você se divorcia, divorcie a mulher quando ela atingir (o fim do) período de espera (idda)”; período de espera ou ‘idda’ é um determinado tempo que um homem muçulmano deve esperar antes de casar com uma mulher divorciada, para assegurar-se que ela não esteja grávida do seu marido anterior. [3] Este é o contexto em que temos que ler o Quran 65:4, que estabelece o seguinte:
“Para aquelas dentre suas esposas que não tenham mais esperança de menstruarem, se tiver dúvida, o período de espera é de três meses, e também é para aquelas que ainda não menstruaram”.

Sayyid Qutb, o falecido idealizador da “Irmandade Muçulmana”, explica em seu renomado comentário sobre o Corão (In the Shadow of the Qur’ān) que o Quran 65:4 refere-se à ”mulheres que já atingiram a menopausa e aquelas que ainda não tiveram seu primeiro ciclo menstrual ou por causa de alguma disfunção [do aparelho reprodutor]”.[4]
Assim, no contexto do capítulo do divórcio no Corão, parece que esse verso estabelece que os homens muçulmanos (ou maridos) devem esperar três meses antes de se divorciarem de meninas impúberes próximas à puberdade (para assegurarem-se que a menina não esteja grávida; conforme o Quran 2:228). Isso não é somente uma interpretação abordada por islamistas modernos como Sayyid Qutb; pelo contrário, tal interpretação do Quran 65:4 é mencionada pelo menos muito tempo atrás como fez al-Tabarī (839 – 923), uma das nossas fontes mais antigas e mais importantes dos primeiros tempos do Islã.
Além disso, o andaluz Ibn Rushd (1126 – 1198), legislador e filósofo da corrente Malikī, conhecido no ocidente como “Averroes, ” confirma a permissão de manter relações sexuais com meninas impúberes em seu manual de jurisprudência, Bidāyat al-Mujtahid wa Nihāyat al-Muqtaṣid (literalmente, “o início de quem interpreta as fontes de forma independente e o fim para ele que deseja limitar a si próprio”). Nesse trabalho, na secção intitulada “O Período de Espera para Esposas”, ele declara o seguinte: “a mulher divorciada cujo matrimônio foi consumado pode ou não pode ser quem menstrua. Se ela não menstrua, ela pode estar abaixo ou além da idade de menstruar”. [5]
Podemos aqui notar que uma das mais renomadas figuras muçulmanas de todos os tempos está inequivocamente implicando que o casamento e o relacionamento sexual com meninas impúberes são lícitos.
4. Sob a Sharia, as Esposas não Têm os Mesmos Direitos no Divórcio que Seus Maridos
Sob a Sharia, o marido pode divorciar-se de sua esposa simplesmente declarando três vezes “você está divorciada”, na presença de dois homens adultos e mentalmente sãos, sem sequer ter que justificar sua decisão e ainda retém a guarda dos filhos. Nesta questão, o Professor Samir declara ser “a coisa mais absurda é que se o marido se arrepender mais tarde de sua decisão de divorciar-se e quiser ‘recuperar’ sua esposa [pela terceira vez], ela primeiro deve casar-se com outro homem e este então terá que repudiá-la também (Quran 2:229-30)”. [6]. Em contraste, tal poder não é concedido à esposa.
5. Sob a Sharia, Mandatárias Femininas São Desaprovadas
A Sharia desaprova mulheres em cargos de comando político [e religioso]. Isso tem origem no ḥadīth  [exemplo de vida de Maomé] de Sahih al-Bukhari, coleção dos mais renomados aḥadīth [plural de hadith], nos quais Maomé, tendo ouvido a notícia que o povo da Pérsia havia feito a filha de Khosrau sua Rainha, declarou: “Nunca vai prosperar uma nação que fez uma mulher sua governante”. [7] De fato, esta é uma das razões frequentemente citada para explicar porque mulheres não podem ser Califas.[8] 
Embora isso seja o que a Sharia estabelece em teoria, a realidade da vida concede algumas [raríssimas] exceções. No mundo muçulmano você encontra ocasionalmente algumas governantes como a Sultana Shajarat al-Durr, que governou o Egito durante a idade média, de 1250 a 1257 [era viúva do Sultão].
Em tempos mais recentes, Benazir Bhutto [filha do ex-Primeiro-Ministro Zulfiqar Ali Bhutto, venceu as eleições no Paquistão e tornou-se Primeira-Ministra em dois períodos (de 1988 a 1990 e de 1993 a 1996) [foi assassinada em 2007, quando era candidata a um terceiro período]. Em Bangladesh, também foi governante Shikha Hasina, vencedora das eleições em três ocasiões [1996 a 2001, 2001 a 2006 e de 2009 até o presente] e é a atual Primeira-Ministra de Bangladesh.  Hasina é filha do ex-Presidente de Bangladesh, Sheikh Mujibur Rahman. [é interessante notar que as três exceções acima ocorreram em razão dessas mulheres terem herdado o espólio político dos maridos ou pais].
6. Sob a Sharia, Esposas Devem Ser Submissas a Seus Maridos
Sob a Sharia, o marido tem absoluta autoridade sobre suas esposas. Como o Professor Samir salienta: “Um homem pode proibir a esposa de sair de casa, mesmo para ir à mesquita, desde que num ḥadīth, Maomé diz que a oração da mulher não tem valor quando é feita sem a permissão do marido. [9] Isso é confirmado pelo “Guia do Viajante” (The Reliance of the Traveler), um manual jurídico autoritário da corrente religiosa Shafiʿī, redigido no século 14,  por Ahmad ibn Naqib al-Misrī (1302 – 1367). O manual estabelece que “uma mulher não pode sair da cidade sem a companhia do marido ou de membro familiar masculino inapto ao casamento, a não ser por tratar-se de uma viagem obrigatória, tal como o haji [peregrinação à Mecca]. É ilegal para ela viajar [desacompanhada] por outros motivos e é ilegal para o marido dela dar-lhe tal permissão”. [10]

Além do mais, sob a Sharia, a poligamia é permitida. O Quran 4:3 explicitamente permite aos homens muçulmanos casarem-se com “tantas mulheres quantas for confortável para você: duas, três ou quatro”. [11] Por causa desse verso, até os dias de hoje, vários países muçulmanos permitem aos homens casarem-se com mais de uma mulher.
Não importa quanto esse costume era considerado socialmente aceitável pelos padrões da Arábia no século 17, atualmente muito raramente uma esposa considera aceitável seu marido ter outra esposa, quanto mais outras duas ou três, mesmo que ela retenha a condição de “primeira esposa”.
7. Sob a Sharia, Mulheres São Consideradas Deficientes em Religiosidade e Inteligência
Como os estudiosos do Islã sabem muito bem, a Sharia não retirou somente dos versos do Corão sua visão opressiva obre as mulheres. Também retirou dos aḥadīth (os assim chamados discursos de Maomé). Num dos tais hadīth de Sahīh Al-Bukhārī, a mais considerada coleção de de ahādīth, Maomé declara que a maioria dos moradores do inferno são mulheres, que as mulheres praguejam com frequência e são ingratas a seus maridos e, famosamente, que “as mulheres são deficientes em inteligência e religiosidade”. O inteiro hadīth é como segue:
“Uma vez o Mensageiro de Allah [i.e., Maomé] foi ao Muṣalla [lugar de oração] para oferecer suas preces do Id-al-Adha [festa do sacrifício] ou Al-Fitr [fim do Ramadã]. Então ele passou por um grupo de mulheres e disse, Ó mulheres! Sejam virtuosas, como eu tenho visto, a maioria dos moradores do fogo do inferno são de vocês (mulheres)’.  Elas perguntaram, ‘Por que é assim, ó Mensageiro de Allah?’ Ele respondeu, ‘Vocês praguejam frequentemente e são ingratas a seus maridos. Eu não tenho visto ninguém mais deficiente em inteligência e religiosidade que vocês.’ As mulheres perguntaram, ‘Ó Mensageiro de Allah! O que é deficiência em inteligência e religiosidade?’ Ele disse, ‘Não é evidente que o testemunho de duas mulheres equivale ao testemunho de um homem?’ Elas responderam afirmativamente e ele disse ‘Isso é a deficiência em inteligência. Não é verdade que a mulher não pode rezar nem jejuar durante seu período menstrual?’ As mulheres responderam afirmativamente e ele disse, ‘Isso é deficiência em religiosidade’ [a ênfase foi adicionada].

Fundamentalmente, todo o mundo muçulmano insiste em aceitar esse ḥadīth, virtual e universalmente considerado como autêntico (ṣahīh), mesmo por autoridades muçulmanas moderadas (que genericamente vêm como autêntico tudo o que está na coleção de al-Bukahrī). Esses aḥadīth têm sido fontes de grandes injustiças contra as mulheres que vivem em países de maioria muçulmana.
8. Sob a Sharia, Estuprar Mulheres Cativas é Permitido
O que é particularmente ultrajante na Sharia é que os combatentes são autorizados a capturarem mulheres dos “infiéis” para usá-las como suas escravas sexuais. Os versos Quran 4:3, Quran 4:24, Quran 23:5-6, Quran 70:22-30, tratam sobre ter mulheres escravas: “aquelas que sua mão direita se apodera, é permitido” (ما ملكت ايمانكم, literalmente como “ma malikat aymānikum”).

Além do mais, a interpretação de “ma malikat aymānikum” como “mulheres escravas” não é algo que refreie os simpatizantes ocidentais dos Islã, pois seria “apenas um abuso dos assim chamados islamofóbicos”. Nosso mais antigo tafsīr (intérprete do Corão), o comentário de Muqātil Ibn Sulaymān, declara que “ma malikat aymānikum significa walā’id“ (ولائد), que é  “mulheres escravas”. [12] Esta interpretação tem sido adotada por muitos mufasirīn (especialistas) desde os tempos medievais e A.J. Droge, na sua tradução acadêmica do Corão publicada em 2013, que é, em minha opinião, a melhor tradução existente, explica a frase “aquelas que sua mão direita se apodera” como referindo-se diretamente a mulheres escravas.
Possuir mulheres escravas, explica Droge, é permitido, mesmo quando o homem (muçulmano) for casado. [13]  De fato, o Corão, muitas vezes, diferencia mulheres escravas de mulheres casadas, demonstrando claramente que mulheres escravas não eram consideradas como esposas. Não pode haver dúvida que usando o termo “ma malikat aymānikum”, o Corão está referindo-se a mulheres capturadas durante a guerra, para satisfação sexual de seus captores. De fato, lendo “Sīrat Rasūl Allāh”, de Ibn Iṣhāq, podemos discernir que o próprio Maomé capturou mulheres para serem suas amantes e permitiu a seus combatentes fazerem o mesmo.
Ibn Iṣhāq conta que depois que Maomé comandou a decapitação de 600 a 900 homens Judeus adultos, da tribo de Banu Ourayza, por suposta traição, e mandou jogarem os corpos deles num fosso, ele “repartiu as propriedades, esposas e crianças de Banu Qurayẓa entre os muçulmanos”. Ibn Iṣhāq relata ainda que “o apóstolo enviou Saʿd b. Zayd al-Anṣār, irmão de Abdu’l-Ashhal, com algumas mulheres capturadas em Banu Qurayẓa para Najd e as vendeu para comprar cavalos e armas”, [ênfase adicionada] [14]
Depois, de acordo com Ibn Isḥāq, Maomé escravizou as mulheres e determinou a venda delas em leilão (não muito diferente do que os militantes do Estado Islâmico estão fazendo atualmente com as mulheres Yazidis, sem dúvida emulando o comportamento de Maomé, conhecido por eles pelas antigas descrições dos livros islâmicos). Além disso, Ibn Iṣhāq conta que “o apóstolo escolheu para ele uma delas [das mulheres da tribo de B. Qurayẓa]”. [15] Em outras palavras, Maomé, o profeta do Islã, ele próprio, esteve capturando mulheres para sua própria satisfação sexual.
Nós também lemos na Sīra sobre o ostensivo e brutal ataque que Maomé empreendeu contra os Judeus de Khaybar (um povoado Judeu localizado num oásis a uns140 quilômetros ao norte de Medina).[16] Ibn Iṣhāq menciona a informação de um agente chamado ʿAbdullah b. Abū Najīḥ, dizendo que no dia anterior ao ataque a Khaybar, Maomé proibiu os combatentes de terem “intercurso carnal com mulheres capturadas que estivessem grávidas”. [17] A implicação dessa proibição específica é que autorizava, por exclusão, o intercurso carnal com mulheres capturadas que não estivessem grávidas.
Além disso, lemos em Ibn Iṣhāq que “as mulheres de Khaybar foram distribuídas entre os muçulmanos. [18] Isto é, de acordo com as mais antigas e melhores fontes sobre a vida de Maomé, ele sancionou o uso sexual de mulheres escravas, ou “aquelas que sua mão direita se apodera”, na terminologia do Corão.
Em adição, podemos ver relativamente das antigas fontes islâmicas e vislumbramos que na batalha de Khaybar, Maomé, ele próprio, teve intercurso sexual com uma mulher capturada, Ṣafiyyah bint Huyyay (Safiyyah, filha de Huyyay), cujo pai Maomé mandou assassinar, na mesma noite em que mataram seu marido em  Khaybar, ou logo depois, no caminho para Wādī al-Qurā, um “vale” localizado próximo a Khaybar.[19]
Por Sahih al-Bukhari, ficamos sabendo que Safiyyah, era “a principal cortesã das tribos de Qurayza e An-Nadir” e foi inicialmente encaminhada pelos vitoriosos muçulmanos para ser uma escrava ou jārīya (جَارِيَةً), porém Maomé a libertou e em seguida “casou” com ela (al-Ṭabarī conta que isso ocorreu depois dela converter-se ao Islã). 


Ibn Isḥāq relata que quando Maomé teve pela primeira vez relações sexuais com Ṣafiyyah (quando “casou” com ela) em sua tenda (no mesmo dia ou somente alguns dias após dele ter assassinado todos os homens adultos da família dela), um tal de Abū Ayyūb, Khālid b. Zayn, passou a noite com a espada na mão, guardando o apóstolo [i.e. Maomé], caminhando em volta da tenda até o dia amanhecer, quando o apóstolo o viu ali, perguntou-lhe o que estava fazendo. Ele respondeu, “Eu estava receoso por você com essa mulher, porque você matou o pai dela, o marido dele e toda a família dela e até pouco tempo ela era uma descrente, então fiquei preocupado com você”. [21]
O parágrafo anterior deixa bem claro que o guarda quis guardar Maomé porque percebeu que ele estava forçando a mulher a fazer sexo, com alguém que tinha motivos de estar ressentida e com ódio dele por causa dele ter assassinado toda a família dela, principalmente o pai e o marido.
De fato, ʾAḥmad Ibn Yaḥyā al-Baladhūri (falecido no ano de 892), um dos primeiros escritores da história do Islã (particularmente antes das conquistas dos Islamismo Árabe), relata que Ṣafiyyah disse o seguinte:
De todos os homens, o Profeta foi aquele que mais odiei, por ele ter assassinado meu marido, meu pai e meu irmão. Mas ele continuava dizendo, seu pai incitou os árabes contra mim e ele fez isso e fez aquilo, até que meu ódio [por Maomé] saiu de mim”. [22]

Então, se as mais antigas fontes do Islã são confiáveis, Maomé, depois de conquistar o oásis de  Khaybar, tomou Ṣafiyyah bint Huyyay como sua escrava sexual.[23] De fato, se as mais antigas fontes do Islã forem tomadas com confiáveis, então temos que aceitar a inevitável conclusão que Maomé estuprou Ṣafiyyah [24] e permitiu que seus seguidores estuprassem mulheres capturadas no combate.[25]
Muçulmanos tipicamente ocidentalizados, se estiverem a par da existência de tais histórias nas mais antigas e mais confiáveis biografias de Maomé, dirão tratar-se de eventos não-históricos, nada tendo a ver com o puro e autêntico Islã. Entretanto, não existem razões específicas de acreditar que esses eventos desagradáveis não sejam históricos autênticos, querendo ao mesmo tempo afirmar serem verdadeiros outros registros [do mesmo período] mais consonantes com a sensibilidade ocidental.
Além disso, fechando a questão dos eventos históricos, existe muito menos razão de acreditar que ações contemporâneas, consonantes com o que é recontado nessas histórias sejam “não-islâmicas” – pelo fato dessas histórias virem de fontes que formam o verdadeiro coração e alma do Islã, [26] Certamente os islamistas não vão comprar a ideia que tais histórias sejam “não-islâmicas” ou “não-históricas” somente por causa delas serem contrárias às sensibilidades ocidentais.
O fato de militantes do Estado Islâmica no Iraque e na Síria, serem notórios pelos estupros de mulheres da etnia Yazidi que eles capturam (algumas vezes pouco depois de assassinarem seus familiares e vizinhos), mostram que estão claramente agindo de acordo com os paradigmas interpretativos do Islã tradicional e seguindo o exemplo de vida de Maomé, descritos pelas fontes islâmicas mais antigas.
Em seu manual legal, “Bidāyat al-Mujtahid wa Nihāyat al-Muqtaṣid”, [27] o jurisprudente e filósofo da corrente Malikī, Ibn Rushd confirma a permissão de escravização de mulheres depois de batalhas. Na secção “Lista de punições permitidas serem aplicadas ao inimigo”, Ibn Rushd estabelece em termos inequívocos, que Maomé “escravizou mulheres. [28] Ostensivamente a implicação disso é que escravizar mulheres depois e batalhas era justificada, seguindo o exemplo de Maomé.
Não há dúvida que capturar mulheres em tempo de guerra é uma prática sancionada nas mais antigas fontes islâmicas; essas práticas ou tradições não são somente inovações de grupos como o do Estado Islâmico. E isso não é somente o que só os assim chamados islamofóbicos ocidentais apontam.
De fato, a Dra. Suʿad Ṣālih, antiga Reitora do Colégio de Mulheres para Estudos Islâmicos na Universidade al-Azhar, no Egito (a Cátedra de Aprendizado Sunita), muito explícita e calmamente declara que capturar mulheres como escravas (milk al-yamīn) é islamicamente permitido em guerras contra inimigos do Islã. Ela dá um exemplo envolvendo Israel, dizendo que quando Israel for derrotado, será permitido capturar mulheres israelitas como escravas e usá-las para satisfação sexual e como forma de humilhação. [29]
A ironia da Dra. Suʿad Ṣālih, ela própria uma mulher, sancionando a escravização sexual de mulheres capturadas em guerras, está completamente ausente na antiga reitora Azharī [da Universidade de al-Zhar]. Mas a ironia está ausente dela presumivelmente porque a antiga reitora está profundamente convencida que o uso de mulheres capturadas, para satisfação sexual não é algo desumano – além de tudo, da perspectiva dela, a infalível religião do Islã e o ideal para toda a humanidade, Maomé, sanciona tais práticas.
Conclusão e Possíveis Caminhos para a Reforma
Outros exemplos da visão do Islã de inferioridade das mulheres podem ser citados. Entretanto, as descrições anteriores são suficientes para concluir que, sob a Sharia, ”homens são superiores às mulheres” (Quran 2:228) e que “homens têm autoridade sobre mulheres porque Allah criou um superior ao outro e por causa deles [os homens] gastarem de suas riquezas para mantê-las [as mulheres]” (Quran 34:4). A Sharia então impõe-se com sua aderente e profundamente desigualitária ética, através da qual as mulheres estão destinadas a serem inferiores aos homens. [30]
Pessoa simpáticas aos princípios igualitários ocidentais, particularmente aqueles residentes na Europa, precisam lutar em seus países contra a proliferação das ideias da Sharia. Mas para lutar contra a fascista e misógina ideologia islamista, é necessário que os simpatizantes dos princípios igualitários ocidentais, entendam antes as motivações dos islamistas.
E não se engane, as razões da ofensiva dos islamistas em tudo o que fazem, inclusive a opressão sobre as mulheres, são baseadas quase exclusivamente na ideologia religiosa deles. Nenhuma das fontes citadas acima são exclusivamente de natureza política ou social – elas são de fontes religiosas muçulmanas.
Como foi explicitamente publicado na 15a edição da revista do Estado Islâmico, Dabiq, o Estado Islâmico e suas milícias não são “nihilistas” com apenas um inato e brutal desejo de opressão aos não-muçulmanos. As ações deles são “frias e calculadas”, e agem de acordo com aquilo em que acreditam, e o que parece ser relativamente plausíveis interpretações dos textos de fontes islâmicas. Até que isso não for exposto, desafiado e confrontado pela sociedade não-muçulmana e também pelos muçulmanos reformistas, não haverá possibilidade de vitória sobre a opressiva ideologia do Estado Islâmico.

Agora, a tarefa dos líderes ocidentais e dos membros das comunidades de inteligência é informar-se sobre as preponderantes motivações religiosas dos islamistas (e não censurar cegamente os debates sobre o Islã). Os Muçulmanos reformistas, por outro lado, estão encarregados com a tarefa mais difícil de reformar o Islã e rejeitar as interpretações das fontes islâmicas frontalmente contrárias aos valores igualitários da civilização ocidental contemporânea.
Os muçulmanos reformistas precisam focar no cultivo de um Islã mais pacifico e tolerante; um Islã que guarde um lugar mais alto para as mulheres do que o Islã tradicional; um Islã que não seja prisioneiro das interpretações literais das fontes mencionadas acima.
Entretanto, como foi mencionado acima, os muçulmanos reformistas não devem ignorar histórias problemáticas como a de Safiyyah taxando-as simplesmente como “não-históricas” e “não-islâmicas” e aceitando ao mesmo tempo outros textos das mesmas fontes antigas como sendo verdadeiramente históricas e islâmicas. Essa postura não vai convencer qualquer muçulmano com tendência a aceitar interpretações menos palatáveis do Islã e certamente nem aqueles que estão intimamente familiarizados com os textos daquelas fontes.
Esses muçulmanos, especialmente os não-ocidentais, vão imediatamente acusar os muçulmanos reformistas de sucumbirem à influência da ocidentalização na sua interpretação do Islã. Eles desafiarão os reformistas a explicarem as razões de considerarem não-históricos e não-islâmicos os textos menos aceitáveis e por que vão considerar históricos e islâmicos verdadeiros os textos mais aceitáveis [aos padrões ocidentais]. Os reformistas provavelmente não terão como prover respostas satisfatórias.
Então os muçulmanos reformistas precisam encontrar um meio de reformar o Islã sem o jogo do “apertar e soltar” com os textos das fontes, uma empreitada fadada ao fracasso (a prova disso é que até agora tem falhado miseravelmente). Agora, a reforma do Islã é um encargo que muçulmanos moderados devem fazer eles mesmos – a reforma não deve ser imposta de fora do “umma” (mundo) muçulmano, mas deve surgir naturalmente e organicamente dentro dele. Numa palavra, é dos próprios muçulmanos a difícil tarefa de reformar o Islã.
Tendo dito isso, eu sugiro que um caminho promissor da reforma, ao menos ele é mais promissor do que ignorar fatos históricos é acreditar nas fontes antigas, metodologia também advogada por Ahmad Ṣubḥī Manṣūr, um egípcio graduado na Universidade de al-Azhar. Manṣūr é um proeminente muçulmano reformista e um PhD e professor Azharī [da Universidade al-Azhar].

A agenda reformista dele é muito simples: o Islã deve ser baseado somente no Corão. Com essa finalidade ele escreveu todo um livro a respeito disso, intitulado “al-Qur’ān wa Kafa” (O Corão é Suficiente), no qual ele defende o ponto de vista de “Só o Corão”, do qual ele é atualmente o maior e incontroverso defensor.
Manṣūr afirma que fontes islâmicas fora do Corão, redigidas várias gerações após a morte de Maomé, não são historicamente confiáveis e foram o subproduto de uma cultura sectária posterior, com preocupações estranhas ao tempo de Maomé e do Corão. [31] De fato, ele descreve muitos dos textos impalatáveis encontrados em ahādīth como  “sem valor ”.
Um arremate dessa visão é que muitos dos textos de ensinamentos impalatáveis do Islã tradicional não são encontrados no Corão, mas somente em textos de fontes extra-Corânicas, que seriam eliminados do Islã. Alguns exemplos de doutrinas impalatáveis ou eventos que não são encontrados no Corão, mas estão presentes em fontes extra-Corânicas são os seguintes: a visão de que mulheres são deficientes em inteligência e religiosidade; a visão de que os apóstatas devem ser assassinados; as histórias nas quais Maomé escravizou mulheres e teve (ostensivamente não-consensualmente) relações sexuais com algumas mulheres capturadas; a visão de que Maomé queria expulsar Judeus e Cristãos da península arábica; a visão de que as pessoas devem ser combatidas até que que acreditem que Maomé é o último e verdadeiro Profeta, etc.
É importante notar que a visão de que o Islã deve basear-se somente no Corão e não em fontes extra-Corânicas não é algo completamente sem méritos. As fontes extra-Corânicas do Islã são eventos [da vida de Maomé] descritos muito tempo depois da morte dele e são contraditórios em muitos pontos importantes. Aquele ḥadīth em Sahih al-Bukhari que descreve Maomé dizendo que quem propuser qualquer mudança na sua religião [o Islã] merece ser assassinado é uma evidência fraca de que Maomé tenha realmente dito tal coisa.

Além do mais, renomados estudiosos ocidentais (não-muçulmanos) do Islã, como Gabriel Said Reynolds, da Universidade Notre Dame, consideram as fontes islâmicas extra-Corânicas, viz., o sīyar (plural de sīra), tafasīr (plural de tafsīr)aḥadīth (plural de ḥadīth), de serem historicamente não confiáveis na interpretação dos contexto do Corão ou em prover informações acuradas sobre Maomé. [32] Ele vê muitas histórias extra-Corânicas como sendo descrições “Midrashic“ [interpretativas] de versos enigmáticos do Corão, que teriam que ser lidos como literatura secundária em vez como descrições históricas.
Tendo dito tudo isso, o caminho reformista putativo de Manṣūr não é também sem deméritos. Primeiro, a Sunna (ou o caminho de Maomé) está firmemente entrincheirada no Islã original e muitos muçulmanos veriam o Islã do “Somente o Corão” como sendo algo muito estranho do seu entendimento da religião. E eles estarão certos. O Islã do “Somente o Corão” seria uma forma estranha de Islã, depois de tudo, muitas práticas islâmicas atuais não são baseadas no Corão, mas sim em fontes extra-Corânicas (particularmente os aḥadīth); por exemplo, a obrigação de rezar cinco vezes ao dia não é somente uma ideia do Corão, mas também de textos de fontes extra-Corânicas.[33] Então, num certo sentido, um Islã tipo “Somente o Corão” é questionavelmente uma religião diferente do Islã que a maioria pratica atualmente.
Segundo, a maioria dos estudiosos do Islã, sejam estudiosos muçulmanos em países muçulmanos, estudiosos orientalistas, ou de outras origens, acredita que embora as fontes antigas extra-Corânicas estejam embelezadas, até em alto grau, elas sem dúvida, ainda retém uma base sólida de verdade histórica. Estudiosos como Reynolds são, como ele mesmo diz, em minoria aqui. Orientalistas ainda seguem a metodologia do grande “islamisticista” Theodore Noldeke (1836 – 1930), diferente da abordagem muçulmana tradicional que usa somente as fontes, ele utiliza uma abordagem crítica.
Terceiro, enquanto a abordagem “Somente o Corão” elimina muitas coisas impalatáveis para as audiências ocidentais, ainda ficaríamos aparentemente com os versos impalatáveis do próprio Corão.
Alguns versos Corânicos, como aquele mencionado anteriormente, terão que ser esclarecidos pelos muçulmanos reformistas. Entretanto, dado que o Corão é, como o islamicista F.E. Peters declara, “um texto sem contexto”, [35] ainda há bastante espaço para manobras interpretativas. [36]
Todas as coisas sendo iguais, quanto menos conhecemos sobre o contexto dos antigos textos, tanto maiores são as plausíveis interpretações daqueles textos. Isso dá aos muçulmanos favoráveis ao “Somente o Corão” mais saídas nas explicações “prima facie” [numa visão superficial] dos versos impalatáveis do que os Cristãos e Judeus terão em explicar os violentos e impalatáveis elementos do Velhos Testamento (o contexto do qual está muito claro nos próprios textos)
Esta é apenas uma das poucas abordagens putativas que os muçulmanos reformistas podem adotar para combater certas doutrinas religiosas que não são compatíveis com a ética igualitária ocidental. Qualquer que seja o caminho que os muçulmanos reformistas tomarem, ele será como uma batalha colina acima para eles. O próprio Manṣūr foi julgado por um tribunal Azharī [da Universidade al-Azhar] e expulso daquela universidade em 1987. E depois de receber muitas ameaças de morte por suas visões heterodoxas, ele pediu asilo político aos Estados Unidos, que lhe foi concedido em 2002.
Mais recentemente, um jovem reformista, Islam al-Buhayrī, foi preso pelo governo secular egípcio de ʿAbd al-Fatah al-Sisi’ por seus determinados esforços na rejeição de muito do que é impalatável nas tradições Islâmicas. Da mesma forma, Sayyid Al-Qumni está atualmente sendo processado no Egito, por suas alegadas visões reformistas blasfêmicas. Esses corajosos reformistas estão liderando o caminho da reforma do Islã, mas quando se trata dos direitos das mulheres sob a Sharia, as próprias mulheres muçulmanas deviam ser mais proativas e elas mesmas poderiam começar a tomar a liderança nas demandas de tratamento igualitário para elas.
Como vimos acima, há muito nos textos das fontes islâmicas que não é compatível com a concepção contemporânea ocidental de igualdade entre homens e mulheres. Entretanto, existem caminhos possíveis para a reforma desses elementos do Islã. E os reformistas que que aplicam uma metodologia intelectual consistente, pessoas como o Dr. Manṣūr, devem ser encorajadas.




Sobre o Autor: Immanuel Al-Manteeqi
Conferencista sobre Humanidades.




O texto acima foi traduzido do original, em inglês, disponível no site do autor neste link. As referências numeradas entre [ ] ao lado de algumas frases estão nas páginas abaixo.
A maioria das explicações entre [ ] são do próprio autor e algumas foram acrescentadas por mim para maior compreensão de pessoas não familiarizadas com o assunto. O texto original tem só a primeira imagem, a da mulher usando "niqab", cobrindo toda a cabeça.As demais imagens foram colocadas por mim, para tornar o texto menos árido. 
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                                                                                           Luigi B. Silvi
Contato: spacelad43@gmail.com



REFERÊNCIAS
[1] That being said, it should be noted that most commentators are in agreement that the beating should not be severe (ghayr mubarraḥ). That the beating should be ghayr mubarrah is found in both the earliest tafsīr of the Qur’ān, as well as in the so-called Farewell Sermon, which is recorded in Ibn Isḥāq’s Sīra. See Muqātil b. Sulaymān, Tafsīr Muqātil b. Sulaymān, ed. ʿAbdallah Muhammad Shahāta (Beirut: Mu’assasit al-Tarīkh al-Arabī, 2002), 371. For the “Farewell Sermon,” see the original Arabic in Ferdinand Wüstenfeld ed., Das Leben Muhammeds nach Muhammad Ibn Isḥāq (Göttingen: Dieterich, 1858–60), 969, and the corresponding English translation in ʻAbd al-Malik Ibn Hishām, Muḥammad Ibn Isḥāq, and Alfred Guillaume, The Life of Muhammad: A Translation of Isḥāq’s Sīrat Rasūl Allāh (Oxford:Oxford University Press, 1955), 651.
[2] Samīr Khalīl Samīr, 111 Questions on Islam: Samīr Khalīl Samīr, S.J. on Islam and the West: A Series of Interviews Conducted by Giorgio Paolucci and Camille Eid, ed. Wafik Nasry, trans. Wafik Nasry and Camille Eid (San Francisco: Ignatius Press, 2008), 118.
[3] Sahih (correct) ahādīth also state that Muhammad married A’isha, the daughter of “the first rightly guided caliph” Abu Bakr, when she was just six years old, and consummated the marriage with her when she was just nine years old. See, e.g., Sahīh Al-Bukharī, Vol. 5, Book 58, Hadīth 236.
[4] Sayyid Qutb, In the Shade of the Qur’ān, trans. Adil Salhi and A. Shamis (Markfield, Leicester: Islamic Foundation), 82.
[5] Ibn Rushd, The Distinguished Jurist’s Primer (vol.1), ed. Ahsan Khan Nyzazee (Reading: Garnet Publishing, n.d.), 106.
[6] Samīr Khalīl Samīr, 111 Questions on Islam, 111-12. Also see Ahmad ibn Naqib al-Misrī, The Reliance of the Traveler (Umdat al-Sālik), trans. Nuh Ha Mim Keller (Beltsville, MD: Amana Publications, 1997), Book N (Divorce), sec. 7.7, 565. Q 2:229 states that “divorce (may take place) twice.” A.J Droge explains that  this is “usually taken to mean that a husband may divorce his wife twice and marry her; but if he divorces her for a third time, it is not lawful for them to remarry, until she has been married to another man and been divorced by him [cf. Q 2:320].” See A.J Droge, trans., The Qur’ān: A New Annotated Translation (Croydon: Equinox Publishing, 2013), 24.
[7] Sahih al-Bukhari, Vol. 9, Book 88, ḥadīth  219.
[8] See, e.g., Ṣalāh Ṣāwī, al-Wajīz fī Hikm al-Khilāfa (n.p.:Dar al-ʿAlām al-Dowla, n.d.), 24.
[9] Samīr Khalīl Samīr, 111 Questions on Islam, 113.
[10] Ibid., Book M, sec, 10.3.
[11] Although the verse does frown upon taking more than one wife if the husband will not treat them fairly. And since it is practically impossible for husbands to treat more than one wife equally, some Muslim reformists have taken this to mean that polygyny is almost never permissible. The only exception to this rule is Muhammad himself, who  had more than four wives. Q 33:50 is generally appealed to by Muslims as endowing Muhammad with this prophetic charism.
[12] A.J. Droge, trans., The Qur’ān: A New Annotated Translation, 47. The translation is unique in that it departs from the practice of other translators of interpreting the Qur’ān through the lens of later Islamic tradition, tradition which was penned down some generations after the Qur’ān was written. Edward W. Lane, Arabic-English Lexicon (vol.2), ed. Stanley Lane Poole (Cambridge: The Islamic Texts Society, 1984), 2967.
[13] A.J Droge, trans., The Qur’ān: A New Annotated Translation, 49 .
[14] Ibid., 466.
[15] Ibid.
[16] Ibn Iṣhāq, Sīra Rasūl Allāh, 510-19. There are several lines of evidence that point to this being an aggressive conquest  and not one done out of self-defense. For example, the people of Khaybar were clearly not expecting any attack, as they would if this were indeed an attack done out of self-defense. Indeed, Ibn Isḥāq tells us that “when the apostle raided a people he waited until the morning. If he heard a call to prayer he held back; if he did not hear he attacked,” and that “when morning came [but Muḥammad] did not hear a call to prayer” he rode out to attack. Indeed, Muhammad and his warriors  came upon the early-morning famers of Khaybar who were “coming out with their spades and baskets (Sirat Rasūl Allāh, 511).” Further evidence that that was not an exercise in self-defense was that , as Ibn Isḥāq tells us,  when the people of Ghaṭafan heard that Muḥammad was moving his forces towards Khaybar, the men hurried to defend their brothers in Khaybar, only to reneg because of rumors that their families and properties were attacked during their absence. If this were an act of self-defense, the people of Ghatafan would likely have already joined the people of Khaybar prior to Muhammad’s military movement (ibid.).
[17] Ibid., 512.
[18] Ibid., 511.
[19] Sahih Al-Bukhari,  Vol. 1, Book 8, ḥadīth  367; Sahih Al-Bukhari, Vol. 5, Book 59, ḥadīth  522; Al-Ṭabarī, The History of al-Ṭabari: Biographies of the Prophet’s Companions and Their Successors, vol. 9, trans. Ismaʿīl K. Poonawala (Albany: State University of New York Press, 1990), 134-35. Al-Ṭabarī, The History al-Tabari, vol. 39, trans. Ella Landau-Tasseron (Albany: SUNY Press, 1998), 185. We say “relatively early” because, absolutely speaking, the extra-Qur’ānic sources of Islam are quite late. For example, the oldest biography of Muhammad, Sirat Rasūl Allah by Ibn Isḥāq, was written at least around 120 years after Muhammad’s death, and only comes down to us in rescinded versions (e.g., in the versions of al-Ṭabarī and Ibn Hishām). Ibn Isḥāq’s biography of Muhammad gives us further details about how Ṣaffiya’s husband, Kināna ibn al-Rabīʿ ibn Abī al-Huqayq, was killed. Ibn Isḥāq relates that Muhammad tortured Kināna by kindling fire with flint and steel on his chest until he was near dead, prior to ordering Muhammad ibn Maslama to behead him. Ibn Isḥāq relates that Muhammad did this because Kināna would not disclose to Muhammad where the treasure of the Jewish tribe of Banu Naḍir was hidden. See ʻAbd al-Mālik Ibn Hishām, Muḥammad Ibn Isḥāq, and Alfred Guillaume, The Life of Muhammad: A Translation of Isḥāq’s Sīrat Rasūl Allāh (Karachi; New York: Oxford University Press, 2001), 51.
[20] Sahih Al-Bukhari, Vol. 1, Book 8, ḥadīth  367. Al-Ṭabarī, The History of al-Ṭabari: Biographies of the Prophet’s Companions and Their Successors, vol. 9, trans. Ismaʿīl K. Poonawala,134.
[21] Al-Tabarī, in his prominent Tarīkh al-Rusul wa al-Muluk (the Annals of the Prophets and the Kings), also relates this story (though he seems to have been relying on a copy of Ibn Isḥāq’s Sira) on the authority of al-Wāqidī, adding that after Muhammad’s guard told him this, “the apostle laughed.” Al-Ṭabarī also adds that Ṣafiyya was just seventeen years of age when Muhammad had sexual relations with her. Cf. Al-Ṭabarī, The History al-Ṭabarī, vol. 39, 185.
[22] ʾAḥmad Ibn Yaḥyā al-Balādhurī, Futūh al-Buldan, ed. ʿAmr Anīs al-Ṭabā (Beirut: Mu’assasit al-Ma’ārif, n.d.), 32.
[23] Indeed, Ibn Isḥāq tells us that Muhammad picked Ṣafiya for himself on account of her beauty (Sahih Al-Bukhari, Volume 5, Book 59, ḥadīth  522). She was, the sources tell us, originally picked out by Diḥya al-Kalbī, one of Muḥammad’s subordinates (cf., e.g., Sahih al-Bukhari, Vol. 1, Book 8, ḥadīth  367; Vol. 3, Book 34, ḥadīth  431; Vol. 5, Book 59, ḥadīth  512). However, her youthful beauty ostensibly caught Muhammad’s eye and he wanted her for himself. So he gave Diḥya other captured women in exchange for Ṣafiyya. A ḥadīth in Sunan Ibn Majah states that Muḥammad gave Diḥya seven female slaves in exchange for Ṣafiyya (Vol. 3, Book 12, ḥadīth  2272).
[24] The conclusion that it was rape, though politically incorrect, seems to me to be inescapable, unless one wants to admit the absurd proposition that a young woman would willingly have sex with someone she hates very shortly after he had killed her friends, tortured and killed her husband, and previously killed her father (the sources do not specify that her brother and father were killed at Khaybar, only that her husband was). Indeed, clearly Ṣaffiya was traumatized from witnessing the killing of her people prior to Muhammad’s raping her. For Ibn Isḥāq reports how when a Jewish woman who was taken captive along with Ṣaffiya was led past the “[male] Jews that were slain,” the woman “shrieked and slapped her face and poured dust on her head,” after which Muḥammad said, “take this she-devil away from me.” It is extremely likely that Ṣaffiya shared her fellow Jewess’ very natural sentiments here. Ṣaffiya certainly was in no mood to sleep with the person who was ultimately responsible for this macabre deed, and the death of her father, husband, and wider community. See Ibn Isḥāq, Sīrat Rasūl Allāh, 515.
[25] An interesting note in the context of this article is that Muhammad apparently did not wait for Ṣaffiya’s three-month idda or waiting period to expire before  he “married” her and had sexual relations with her. Just as he marks an exception to the “no-more-than-four-wives” rule so he marks an exception to the waiting-period rule. After all, in traditional Islam, Muhammad is considered to be al-insān al-kāmil, i.e., the perfect man. (Al-Ṭabarī states that he had married a total of fifteen women, consummated the marriage with thirteen, and was married to eleven at one time; cf. Al-Ṭabarī, The History of al-Ṭabari: Biographies of the Prophet’s Companions and Their Successors, vol. 9, trans. Ismaʿīl K. Poonawala,126-7.)
[26] I give a suggestion for how Muslim reformers can approach these thorny issues in the conclusion of the article.
[27] See Ibn Rushd, Bidāyat al-Mujtahid wa Nihāyat al-Muqtaṣid , vol.1-4 (Cairo: Maktabat Ibn Taymiyya, 1995 A.D./1415 hijrī). The work has been translated in The Distinguished Jurist’s Primer (vol.1-2), trans. Ahsan Khan Nyzazee (Reading: Garnet Publishing, n.d.).
[28] Ibn Rushd, The Distinguished Jurist’s Primer (vol.1), trans. Ahsan Khan Nyzazee, 456.
[29] “برنامج فقه المرأةد.سعاد صالح -المقصود بملك اليمين – Fiqh Al-maraa,” YouTube video, 3:37, posted by “AlHayah TV Network,” Sept. 12, 2014. She literally says that that a  Muslim man can “yastimtʿ bīhim kama yastimtʿ bi zawjātihī” – i.e., he can” enjoy” female slaves or “those who his right hand posses” just like he “enjoys” his wives.
[30] As the Islamicist Samir Khalil Samir notes, although the Qur’ān clearly teaches the superiority of men over women, the male duty to provide for women is also explicitly stated. See Samir Khalil Samir, 111 Questions on Islam, 96.
[31] For example, in an interview with the prominent Muslim turned trenchant critic of Islam Brother Rachid, he boldly states that Mālik Ibn Annas and Ibn Isḥāq wrote the Muwatta and Sirā, respectively  “min dimāghihīm” (literally meaning “from their  brain”), implying that Ibn Isḥāq simply plucked the “historical facts” for his biography out of thin air. See “سؤال جرئ 378 لقاء خاص مع الدكتور احمد صبحي منصور: الجزء الأول”, YouTube video, 15:17, posted by “Daring Question,” Oct. 1, 2014.
[32] Regarding the tafāsīr, after Reynolds demonstrates that they reflect “both confusion and creative speculation” with respect to the mysterious letters (al-ahruf al-muqaṭṭaʿa) that begin twenty-nine sūras (or chapters) of the Qur’ān, he states that “it seems to me unlikely, to say the least, that the mufassirun (Qur’ānic exegetes) are reliable preservers of an unbroken chain of Qurānic interpretation, or that they remember perfectly the time and place and reason why individual verses were revealed, and yet at the same time totally fail to understand these letters.” Cf. Gabriel Said Reynolds, The Qur’ān in its Biblical Subtext, (London; New York: Routledge, 2010), 19-20. With respect to the ahadīth, he states that “the ḥadīth  come from collections written down only in the ninth century and have many legendary, tendentious, exegetical, and anachronistic features.” Gabriel Said Reynolds, The Emergence of Islam (Minneapolis: Fortress Press, 2012), 70. For a critical examination of the ḥadīth literature, see Igńac Goldziher’s pioneering Muslim Studies, trans. S.M. Stern and C.R. Barber (Chicago: Aldine Atherton, 1971); Goldziher’s German original, Mohammedanische Studien, was published in 1889-90. Also see Joseph Schacht’s seminal work, The Origins of Muhammadan Jurisprudence (Oxford: Oxford University Press, 1950).
[33] The earliest mention of the obligation to pray five times a day comes from the account of Muhammad’s ascent into heaven, found in the Sīra of Ibn Isḥāq (p.186-7). In the account, which is reminiscent of Abraham’s plea with God to spare the just inhabitants of Sodom and Gomarrah, Muḥammad ascends into heaven and is told that the number of daily prayers that are obligatory is fifty. Moses then convinces Muḥammad to ask God to lower it to ten, and then finally to five, after which Muhammad is too ashamed to ask for a lesser obligation.
[34] Gabriel Reynolds, The Qur’ān in its Biblical Subtext, 8.    
[35] Francis Edward Peters, Muhammad and the Origins of Islam (Albany: State University of New York Press, 1994), 259.
[36] As the late Islamicist Richard Bell in his Introduction to the Qur’an (Edinburgh: Edinburgh University Press, 1963), 100,  states: “In the great bulk of the Quran there is either no reference to historical events, or the events and circumstances to which reference is made are not otherwise known. In regard to such passages there are often differing traditions, and as often as not the stories related to explain them turn out, when critically examined, to be imagined from the passages themselves.”



                                                                                               


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