A
Mulher Sob a Sharia: 8 Razões Pelas Quais a Lei Islâmica é Injusta para as
Mulheres
Uma
essencial comparação acadêmica dos direitos das mulheres submetidas à Sharia e
na legislação ocidental.
No Ocidente as mulheres são vistas como seres
iguais aos homens tanto sob a perspectiva ontológica como pela jurídica. Isso
não quer dizer que as mulheres nunca foram discriminadas injustamente no
Ocidente. Pelo contrário, é uma triste verdade da história que através dos
séculos as mulheres foram bastante discriminadas nas sociedades ocidentais.
Na verdade, [nos Estados Unidos] o direito a voto
só foi concedido às mulheres em 1920, com a ratificação da Nona Emeda à
Constituição, estabelecendo que “o
direito dos cidadãos dos Estados Unidos da América de votar não será negado ou
obrigatório nos Estados Unidos ou em qualquer de seus territórios por causa de
gênero”. Mas, pelo menos em várias
décadas recentes, a ideia predominante no ocidente já é que homens e mulheres são
iguais e que as mulheres têm os mesmos direitos que os homens têm.
Atualmente existem vários princípios consagrados na
legislação ocidental para proteger os direitos das mulheres. Por exemplo, no
ocidente, o testemunho de uma mulher é universalmente assegurado – inclusive
nos tribunais – como tendo o mesmo valor do testemunho de um homem. Violência
doméstica contras esposas no ocidente é estritamente proibida, embora,
infelizmente, é ainda praticada por alguns maridos. Além disso, o pedido de
divórcio pela esposa tem as mesmas regras que o divórcio pedido pelo marido.
Adicionalmente, não há discriminação contra mulheres
em relação ao direito de herança. A mulher não é relegada de sua justa parte da
herança somente pelo fato dela ser mulher. No ocidente as mulheres podem, na
maioria das ocasiões, vestirem-se do jeito que quiserem, sem grande repercussão
social – e certamente sem qualquer repercussão legal.
A prática de poligamia é estritamente proibida em
países ocidentais. A codificação da monogamia em leis vem já dos tempos dos
Greco-Romanos. Aliás, a poligamia é vista como uma prática imoral, mas também
porque rebaixa as mulheres. Mais ainda, países ocidentais posicionam-se
categoricamente na proibição dos homens terem relações sexuais com meninas
ainda na pré-puberdade. Não é preciso dizer que os países ocidentais proíbem
estritamente a seus soldados de tomarem mulheres como escravas sexuais.
Em resumo, países ocidentais atualmente tratam as
mulheres em geral como iguais aos homens, e não há dúvida que as mulheres gozam
de liberdade individual. Países ocidentais são os melhores lugares para as
mulheres viverem, onde podem ascender aos mais altos cargos das nações (veja a
Chanceler alemã Ângela Merkel e a Primeira-Ministra do Reino Unido, Theresa
May), por meio de procedimentos democráticos e onde não há obstáculos teóricos
para as lideranças femininas.
1. Sob a Sharia, Esposas Podem Ser Espancadas
Se por um lado pelas leis ocidentais mulheres e
homens são iguais, sob a sharia as mulheres não são iguais aos homens, mas sim
consideradas inferiores. Mulheres são objeto de muitas considerações de
desigualdade nos textos básicos mais antigos do Islã, que formam a base da Sharia.
Por exemplo, de acordo com o Quran 4:34, os maridos têm o direito
de espancar suas esposas se “desconfiarem
de desobediência” (o que implica que não ser necessária a ocorrência da
desobediência para justificar o espancamento, basta apenas a “desconfiança”).
“Homens são os tutores dos interesses das mulheres
porque Allah preferiu dar a eles as propriedades delas e porque eles gastam de
suas próprias propriedades com o sustento delas. Mulheres virtuosas são,
portanto, obedientes, guardando [na ausência do marido] aquilo que Allah deu a
ele para guardar. Aquela que você desconfia ser rebelde, advirta-a; proíba-a de
dormir na sua cama e se ela persistir, espanque-a. Se então elas obedecem não
faça mais nada contra elas; Allah é Todo-Poderoso, O Supremo”.
A permissão de espancamento da esposa em caso de
comportamento impróprio (real ou imaginário) é também encontrada no “Discurso de Adeus” ou “O Último Sermão” de Maomé, que tem sido preservado na Sira, de Ibn Ishaq, a mais antiga é mais confiável biografia de
Maomé existente. [1]
2.
Sob a Sharia, Mulheres têm Menos Direitos que Homens
“E tragam duas
testemunhas representadas por homens. E se não houver dois homens
[disponíveis], então pode ser um homem e duas mulheres entre as que aceitarem
testemunhar, de maneira que se uma das mulheres errar, então a outra poderá
corrigi-la”.
Conforme diz o
Quran 4:11 e
o Quran 4:176,
“uma mulher pode herdar somente a metade
do que seu irmão herdar”. Além disso, como o Professor Samīr Khalīl Samīr, um especialista no idioma árabe, com dois
doutorados e antigo conselheiro do Papa
Bento XVI em Islã e de assuntos
do Oriente Médio, explica, sob a Sharia “num
casamento [religioso] misto[onde a esposa é não-muçulmana], a esposa não tem
direito à herança do marido se não se converter ao Islã”. [2]
3.
Sob a Sharia, Casamento e Relacionamento Sexual com Meninas na pré-Puberdade
São Permitidos
De acordo com o Quran 65:4, relações sexuais com meninas que ainda não
tiveram seu primeiro ciclo menstrual (i.é. meninas impúberes) são permitidas. O
verso sobre isso encontra-se no capítulo 65 do al-Talaq (Divórcio), que começa estabelecendo que “quando você se divorcia, divorcie a mulher
quando ela atingir (o fim do) período de espera (idda)”; período de espera
ou ‘idda’ é um determinado tempo que
um homem muçulmano deve esperar antes de casar com uma mulher divorciada, para
assegurar-se que ela não esteja grávida do seu marido anterior.
[3] Este é o
contexto em que temos que ler o Quran 65:4,
que estabelece o seguinte:
“Para aquelas dentre
suas esposas que não tenham mais esperança de menstruarem, se tiver dúvida, o
período de espera é de três meses, e também é para aquelas que ainda não
menstruaram”.
Sayyid Qutb, o falecido idealizador da “Irmandade Muçulmana”, explica em seu renomado comentário sobre o Corão (In the
Shadow of the Qur’ān) que o Quran 65:4 refere-se
à ”mulheres que já atingiram a menopausa
e aquelas que ainda não tiveram seu primeiro ciclo menstrual ou por causa de
alguma disfunção [do aparelho reprodutor]”.[4]
Assim, no contexto do capítulo do divórcio no Corão, parece que esse verso estabelece
que os homens muçulmanos (ou maridos) devem esperar três meses antes de se
divorciarem de meninas impúberes próximas à puberdade (para assegurarem-se que
a menina não esteja grávida; conforme o Quran 2:228).
Isso não é somente uma interpretação abordada por islamistas modernos como Sayyid Qutb; pelo contrário, tal
interpretação do Quran 65:4 é mencionada pelo menos muito tempo atrás
como fez al-Tabarī (839 – 923), uma
das nossas fontes mais antigas e mais importantes dos primeiros tempos do Islã.
Além disso, o andaluz Ibn Rushd (1126 – 1198), legislador e filósofo da corrente Malikī, conhecido no ocidente como “Averroes,
” confirma a permissão de manter relações sexuais com meninas impúberes em seu
manual de jurisprudência, Bidāyat al-Mujtahid wa Nihāyat
al-Muqtaṣid (literalmente, “o
início de quem interpreta as fontes de forma independente e o fim para ele que
deseja limitar a si próprio”). Nesse trabalho, na secção intitulada “O
Período de Espera para Esposas”, ele declara o seguinte: “a mulher divorciada cujo matrimônio foi consumado pode ou não pode ser
quem menstrua. Se ela não menstrua, ela pode estar abaixo ou além da idade de
menstruar”. [5]
Podemos aqui notar que uma das mais renomadas figuras
muçulmanas de todos os tempos está inequivocamente implicando que o casamento e
o relacionamento sexual com meninas impúberes são lícitos.
4.
Sob a Sharia, as Esposas não Têm os Mesmos Direitos no Divórcio que Seus
Maridos
Sob a Sharia, o marido pode divorciar-se de sua
esposa simplesmente declarando três vezes “você
está divorciada”, na presença de dois homens adultos e mentalmente sãos, sem
sequer ter que justificar sua decisão e ainda retém a guarda dos filhos. Nesta
questão, o Professor Samir declara ser “a coisa mais absurda é que se o
marido se arrepender mais tarde de sua decisão de divorciar-se e quiser
‘recuperar’ sua esposa [pela terceira vez], ela primeiro deve casar-se com
outro homem e este então terá que repudiá-la também (Quran
2:229-30)”. [6]. Em contraste, tal
poder não é concedido à esposa.
5.
Sob a Sharia, Mandatárias Femininas São Desaprovadas
A
Sharia desaprova mulheres em cargos
de comando político [e religioso]. Isso tem origem no ḥadīth [exemplo
de vida de Maomé] de Sahih al-Bukhari, coleção dos mais
renomados aḥadīth [plural de hadith],
nos quais Maomé, tendo ouvido a notícia
que o povo da Pérsia havia feito a
filha de Khosrau sua Rainha, declarou:
“Nunca vai prosperar uma nação que fez
uma mulher sua governante”. [7] De fato, esta é
uma das razões frequentemente citada para explicar porque mulheres não podem
ser Califas.[8]
Embora
isso seja o que a Sharia estabelece em teoria, a realidade da vida concede
algumas [raríssimas] exceções. No mundo muçulmano você encontra ocasionalmente
algumas governantes como a Sultana Shajarat
al-Durr, que governou o Egito durante a idade média, de 1250 a 1257 [era
viúva do Sultão].
Em
tempos mais recentes, Benazir Bhutto [filha
do ex-Primeiro-Ministro Zulfiqar
Ali Bhutto, venceu as eleições no Paquistão e
tornou-se Primeira-Ministra em dois períodos (de 1988 a 1990 e de 1993 a 1996)
[foi assassinada em 2007, quando era candidata a um terceiro período]. Em
Bangladesh, também foi governante Shikha
Hasina, vencedora das eleições em três ocasiões [1996 a 2001, 2001 a 2006 e
de 2009 até o presente] e é a atual Primeira-Ministra de Bangladesh. Hasina
é filha do ex-Presidente de Bangladesh, Sheikh Mujibur Rahman. [é
interessante notar que as três exceções acima ocorreram em razão dessas
mulheres terem herdado o espólio político dos maridos ou pais].
6.
Sob a Sharia, Esposas Devem Ser Submissas a Seus Maridos
Sob a Sharia, o marido tem absoluta autoridade
sobre suas esposas. Como o Professor
Samir salienta: “Um homem pode
proibir a esposa de sair de casa, mesmo para ir à mesquita, desde que num ḥadīth, Maomé diz que a oração da
mulher não tem valor quando é feita sem a permissão do marido”. [9] Isso é
confirmado pelo “Guia do Viajante” (The
Reliance of the Traveler), um manual jurídico autoritário da corrente
religiosa Shafiʿī, redigido no século
14, por Ahmad ibn Naqib al-Misrī (1302 – 1367). O manual estabelece que “uma mulher não pode sair da cidade sem a
companhia do marido ou de membro familiar masculino inapto ao casamento, a não
ser por tratar-se de uma viagem obrigatória, tal como o haji [peregrinação à
Mecca]. É ilegal para ela viajar [desacompanhada] por outros motivos e é ilegal
para o marido dela dar-lhe tal permissão”. [10]
Além do mais, sob a Sharia, a poligamia é
permitida. O Quran 4:3 explicitamente permite aos homens muçulmanos
casarem-se com “tantas mulheres quantas
for confortável para você: duas, três ou quatro”. [11] Por causa desse
verso, até os dias de hoje, vários países muçulmanos permitem aos homens
casarem-se com mais de uma mulher.
Não importa quanto esse costume era considerado
socialmente aceitável pelos padrões da Arábia no século 17, atualmente muito
raramente uma esposa considera aceitável seu marido ter outra esposa, quanto
mais outras duas ou três, mesmo que ela retenha a condição de “primeira esposa”.
7.
Sob a Sharia, Mulheres São Consideradas Deficientes em Religiosidade e
Inteligência
Como os estudiosos do Islã sabem muito bem, a
Sharia não retirou somente dos versos do Corão sua visão opressiva obre as
mulheres. Também retirou dos aḥadīth (os assim chamados discursos
de Maomé). Num dos tais hadīth de Sahīh Al-Bukhārī, a mais considerada coleção de de ahādīth,
Maomé declara que a maioria dos moradores do inferno são mulheres, que as mulheres
praguejam com frequência e são ingratas a seus maridos e, famosamente, que “as mulheres são deficientes em inteligência
e religiosidade”. O inteiro hadīth é como segue:
“Uma vez o Mensageiro de Allah [i.e., Maomé] foi
ao Muṣalla [lugar de oração] para oferecer
suas preces do Id-al-Adha [festa do
sacrifício] ou Al-Fitr [fim do
Ramadã]. Então ele passou por um grupo de mulheres e disse, ‘Ó
mulheres! Sejam virtuosas, como eu tenho visto, a maioria dos moradores do fogo
do inferno são de vocês (mulheres)’.
Elas perguntaram, ‘Por que é assim,
ó Mensageiro de Allah?’ Ele respondeu, ‘Vocês praguejam frequentemente e são ingratas a seus maridos. Eu não
tenho visto ninguém mais deficiente em inteligência e religiosidade que vocês.’ As
mulheres perguntaram, ‘Ó Mensageiro de
Allah! O que é deficiência em inteligência e religiosidade?’ Ele disse, ‘Não é evidente que o testemunho
de duas mulheres equivale ao testemunho de um homem?’ Elas
responderam afirmativamente e ele disse ‘Isso é a deficiência em inteligência. Não é
verdade que a mulher não pode rezar nem jejuar durante seu período menstrual?’
As mulheres responderam afirmativamente e ele disse, ‘Isso é deficiência em religiosidade’ [a
ênfase foi adicionada].
Fundamentalmente, todo o mundo muçulmano insiste em
aceitar esse ḥadīth, virtual e universalmente considerado como
autêntico (ṣahīh), mesmo
por autoridades muçulmanas moderadas (que genericamente vêm como
autêntico tudo o que está na coleção de al-Bukahrī).
Esses aḥadīth têm sido fontes de grandes injustiças contra as
mulheres que vivem em países de maioria muçulmana.
8.
Sob a Sharia, Estuprar Mulheres Cativas é Permitido
O que é particularmente ultrajante na Sharia é que os
combatentes são autorizados a capturarem mulheres dos “infiéis” para usá-las
como suas escravas sexuais. Os versos Quran 4:3, Quran 4:24, Quran 23:5-6, Quran 70:22-30, tratam sobre ter
mulheres escravas: “aquelas que sua mão
direita se apodera, é permitido” (ما ملكت ايمانكم, literalmente como “ma
malikat aymānikum”).
Além do mais, a interpretação de “ma malikat
aymānikum” como “mulheres escravas” não é algo que
refreie os simpatizantes ocidentais dos Islã,
pois seria “apenas um abuso dos assim chamados islamofóbicos”. Nosso mais
antigo tafsīr (intérprete do Corão), o comentário
de Muqātil Ibn Sulaymān, declara
que “ma malikat aymānikum significa walā’id“ (ولائد), que
é “mulheres escravas”.
[12] Esta interpretação
tem sido adotada por muitos mufasirīn (especialistas) desde os tempos
medievais e A.J. Droge, na sua
tradução acadêmica do Corão publicada
em 2013, que é, em minha opinião, a melhor tradução existente, explica a frase “aquelas que sua mão direita se apodera” como
referindo-se diretamente a mulheres escravas.
Possuir mulheres escravas, explica Droge, é permitido, mesmo quando o homem
(muçulmano) for casado. [13] De fato, o Corão, muitas vezes, diferencia mulheres escravas de mulheres
casadas, demonstrando claramente que mulheres escravas não eram consideradas
como esposas. Não pode haver dúvida que usando o termo “ma malikat aymānikum”, o Corão está referindo-se a mulheres
capturadas durante a guerra, para satisfação sexual de seus captores. De
fato, lendo “Sīrat Rasūl Allāh”, de Ibn Iṣhāq, podemos discernir que o próprio Maomé capturou mulheres para serem suas amantes e permitiu a seus
combatentes fazerem o mesmo.
Ibn Iṣhāq conta que depois que Maomé comandou a decapitação de 600 a 900 homens Judeus adultos, da
tribo de Banu Ourayza, por suposta
traição, e mandou jogarem os corpos deles num fosso, ele “repartiu as propriedades, esposas
e crianças de Banu Qurayẓa entre os muçulmanos”. Ibn Iṣhāq relata ainda que
“o apóstolo enviou Saʿd b. Zayd al-Anṣār,
irmão de Abdu’l-Ashhal, com algumas mulheres capturadas em Banu Qurayẓa para
Najd e as vendeu para comprar cavalos
e armas”, [ênfase adicionada] [14]
Depois, de acordo com Ibn Isḥāq, Maomé escravizou as mulheres e determinou a venda delas em
leilão (não muito diferente do que os militantes do Estado Islâmico estão
fazendo atualmente com as mulheres Yazidis, sem dúvida emulando o comportamento
de Maomé, conhecido por eles pelas antigas descrições dos livros islâmicos). Além
disso, Ibn Iṣhāq conta que “o apóstolo escolheu para ele uma delas [das mulheres
da tribo de B. Qurayẓa]”. [15] Em outras
palavras, Maomé, o profeta do Islã, ele
próprio, esteve capturando mulheres para sua própria satisfação sexual.
Nós também lemos na Sīra sobre o
ostensivo e brutal ataque que Maomé empreendeu
contra os Judeus de Khaybar (um
povoado Judeu localizado num oásis a uns140 quilômetros ao norte de Medina).[16] Ibn
Iṣhāq menciona a informação de um agente chamado ʿAbdullah b. Abū Najīḥ, dizendo que no dia anterior ao ataque a Khaybar,
Maomé proibiu os combatentes de terem
“intercurso carnal com mulheres
capturadas que estivessem grávidas”. [17] A implicação
dessa proibição específica é que autorizava, por exclusão, o intercurso carnal
com mulheres capturadas que não estivessem grávidas.
Além disso, lemos em Ibn Iṣhāq que “as mulheres de
Khaybar foram distribuídas entre os muçulmanos. ”[18] Isto
é, de acordo com as mais antigas e melhores fontes sobre a vida de Maomé, ele sancionou o uso sexual de
mulheres escravas, ou “aquelas que sua
mão direita se apodera”, na terminologia do Corão.
Em adição, podemos ver relativamente das antigas
fontes islâmicas e vislumbramos que na batalha de Khaybar, Maomé, ele
próprio, teve intercurso
sexual com uma mulher capturada, Ṣafiyyah bint Huyyay (Safiyyah, filha de Huyyay), cujo pai Maomé
mandou assassinar, na mesma noite em que mataram seu marido em Khaybar,
ou logo depois, no caminho para Wādī
al-Qurā, um “vale” localizado próximo a Khaybar.[19]
Por Sahih
al-Bukhari, ficamos sabendo que Safiyyah,
era “a principal cortesã das tribos de
Qurayza e An-Nadir” e foi inicialmente encaminhada pelos vitoriosos
muçulmanos para ser uma escrava ou jārīya
(جَارِيَةً), porém Maomé a libertou e
em seguida “casou” com ela (al-Ṭabarī
conta que isso ocorreu depois dela converter-se ao Islã).
Ibn Isḥāq relata que quando Maomé teve pela primeira vez relações sexuais com Ṣafiyyah (quando “casou” com ela) em sua
tenda (no mesmo dia ou somente alguns dias após dele ter assassinado todos os
homens adultos da família dela), um tal de Abū
Ayyūb, Khālid b. Zayn, passou a
noite com a espada na mão, guardando o apóstolo [i.e. Maomé], caminhando em volta da tenda até o dia amanhecer, quando o
apóstolo o viu ali, perguntou-lhe o que estava fazendo. Ele respondeu, “Eu
estava receoso por você com essa mulher, porque você matou o pai dela, o marido
dele e toda a família dela e até
pouco tempo ela era uma descrente, então fiquei preocupado com você”. [21]
O parágrafo anterior deixa bem claro que o guarda
quis guardar Maomé porque percebeu que ele estava forçando a mulher a fazer
sexo, com alguém que tinha motivos de estar ressentida e com ódio dele por
causa dele ter assassinado toda a família dela, principalmente o pai e o
marido.
De fato, ʾAḥmad
Ibn Yaḥyā al-Baladhūri (falecido no ano de 892), um dos primeiros
escritores da história do Islã (particularmente
antes das conquistas dos Islamismo Árabe), relata que Ṣafiyyah disse o seguinte:
“De todos os
homens, o Profeta foi aquele que mais odiei, por ele ter assassinado meu
marido, meu pai e meu irmão. Mas ele continuava dizendo, seu pai incitou
os árabes contra mim e ele fez isso e fez aquilo, até que meu ódio [por Maomé] saiu
de mim”. [22]
Então, se as mais antigas fontes do Islã são confiáveis, Maomé, depois de conquistar o oásis de Khaybar,
tomou Ṣafiyyah bint Huyyay como sua
escrava sexual.[23] De
fato, se as mais antigas fontes do Islã forem tomadas com confiáveis, então
temos que aceitar a inevitável conclusão que Maomé estuprou Ṣafiyyah [24] e permitiu que
seus seguidores estuprassem mulheres capturadas no combate.[25]
Muçulmanos tipicamente ocidentalizados, se estiverem
a par da existência de tais histórias nas mais antigas e mais confiáveis
biografias de Maomé, dirão tratar-se
de eventos não-históricos, nada tendo a ver com o puro e autêntico Islã. Entretanto, não existem razões
específicas de acreditar que esses eventos desagradáveis não sejam históricos
autênticos, querendo ao mesmo tempo afirmar serem verdadeiros outros registros
[do mesmo período] mais consonantes com a sensibilidade ocidental.
Além disso, fechando a questão dos eventos
históricos, existe muito menos razão de acreditar que ações contemporâneas, consonantes
com o que é recontado nessas histórias sejam “não-islâmicas” – pelo fato dessas
histórias virem de fontes que formam o
verdadeiro coração e alma do Islã, [26] Certamente os
islamistas não vão comprar a ideia que tais histórias sejam “não-islâmicas” ou
“não-históricas” somente por causa delas serem contrárias às sensibilidades
ocidentais.
O fato de militantes do Estado Islâmica no Iraque e na Síria, serem notórios pelos estupros de mulheres da etnia Yazidi que eles capturam (algumas vezes
pouco depois de assassinarem seus familiares e vizinhos), mostram que estão
claramente agindo de acordo com os paradigmas interpretativos do Islã tradicional e seguindo o exemplo de
vida de Maomé, descritos pelas fontes
islâmicas mais antigas.
Em seu manual legal, “Bidāyat al-Mujtahid
wa Nihāyat al-Muqtaṣid”, [27] o jurisprudente e
filósofo da corrente Malikī, Ibn Rushd
confirma a permissão de escravização de mulheres depois de batalhas. Na secção
“Lista de punições permitidas serem
aplicadas ao inimigo”, Ibn Rushd estabelece
em termos inequívocos, que Maomé “escravizou
mulheres”. [28] Ostensivamente
a implicação disso é que escravizar mulheres depois e batalhas era justificada,
seguindo o exemplo de Maomé.
Não há dúvida que capturar mulheres em tempo de
guerra é uma prática sancionada nas mais antigas fontes islâmicas; essas
práticas ou tradições não são somente inovações de grupos como o do Estado
Islâmico. E isso não é somente o que só os assim chamados islamofóbicos
ocidentais apontam.
De fato, a Dra. Suʿad
Ṣālih, antiga Reitora do Colégio de Mulheres para Estudos Islâmicos na
Universidade al-Azhar, no Egito (a
Cátedra de Aprendizado Sunita), muito explícita e calmamente declara que
capturar mulheres como escravas (milk al-yamīn) é islamicamente
permitido em guerras contra inimigos do Islã.
Ela dá um exemplo envolvendo Israel,
dizendo que quando Israel for
derrotado, será permitido capturar mulheres israelitas como escravas e usá-las
para satisfação sexual e como forma de humilhação. [29]
A ironia da Dra. Suʿad Ṣālih, ela própria uma mulher, sancionando a escravização
sexual de mulheres capturadas em guerras, está completamente ausente na antiga
reitora Azharī [da Universidade de al-Zhar]. Mas a ironia está ausente dela presumivelmente
porque a antiga reitora está profundamente convencida que o uso de mulheres
capturadas, para satisfação sexual não é algo desumano – além de tudo, da perspectiva
dela, a infalível religião do Islã e
o ideal para toda a humanidade, Maomé, sanciona tais práticas.
Conclusão
e Possíveis Caminhos para a Reforma
Outros exemplos da visão do Islã de inferioridade das mulheres podem ser citados. Entretanto,
as descrições anteriores são suficientes para concluir que, sob a Sharia, ”homens são superiores às mulheres” (Quran
2:228) e que “homens têm autoridade
sobre mulheres porque Allah criou um superior ao outro e por causa deles [os
homens] gastarem de suas riquezas para mantê-las [as mulheres]” (Quran 34:4). A Sharia então impõe-se com sua aderente e profundamente desigualitária
ética, através da qual as mulheres estão destinadas a serem
inferiores aos homens. [30]
Pessoa simpáticas aos princípios igualitários
ocidentais, particularmente aqueles residentes na Europa, precisam lutar em
seus países contra a proliferação das ideias da Sharia. Mas para lutar contra a fascista e misógina ideologia
islamista, é necessário que os simpatizantes dos princípios igualitários
ocidentais, entendam antes as motivações dos islamistas.
E não se engane, as razões da ofensiva dos
islamistas em tudo o que fazem, inclusive a opressão sobre as mulheres, são
baseadas quase exclusivamente na ideologia religiosa deles. Nenhuma das fontes
citadas acima são exclusivamente de natureza política ou social – elas são de fontes
religiosas muçulmanas.
Como foi explicitamente publicado na 15a edição da revista do Estado Islâmico, Dabiq,
o Estado Islâmico e suas milícias não são “nihilistas”
com apenas um inato e brutal desejo de opressão aos não-muçulmanos. As ações
deles são “frias e calculadas”, e agem de acordo com aquilo em que acreditam, e
o que parece ser relativamente plausíveis interpretações dos textos de fontes
islâmicas. Até que isso não for exposto, desafiado e confrontado pela sociedade
não-muçulmana e também pelos muçulmanos reformistas, não haverá possibilidade
de vitória sobre a opressiva ideologia do Estado Islâmico.
Agora, a tarefa dos líderes ocidentais e dos
membros das comunidades de inteligência é informar-se sobre as preponderantes
motivações religiosas dos islamistas (e não censurar cegamente os debates sobre
o Islã). Os Muçulmanos reformistas, por outro lado, estão encarregados com a tarefa
mais difícil de reformar o Islã e
rejeitar as interpretações das fontes islâmicas frontalmente contrárias aos
valores igualitários da civilização ocidental contemporânea.
Os muçulmanos reformistas precisam focar no cultivo
de um Islã mais pacifico e tolerante;
um Islã que guarde um lugar mais alto
para as mulheres do que o Islã
tradicional; um Islã que não seja
prisioneiro das interpretações literais das fontes mencionadas acima.
Entretanto, como foi mencionado acima, os
muçulmanos reformistas não devem ignorar histórias problemáticas como a de Safiyyah taxando-as simplesmente como
“não-históricas” e “não-islâmicas” e aceitando ao mesmo tempo outros textos das
mesmas fontes antigas como sendo verdadeiramente históricas e islâmicas. Essa
postura não vai convencer qualquer muçulmano com tendência a aceitar
interpretações menos palatáveis do Islã
e certamente nem aqueles que estão intimamente familiarizados com os textos
daquelas fontes.
Esses muçulmanos, especialmente os não-ocidentais,
vão imediatamente acusar os muçulmanos reformistas de sucumbirem à influência
da ocidentalização na sua interpretação do
Islã. Eles desafiarão os reformistas a explicarem as razões de considerarem
não-históricos e não-islâmicos os textos menos aceitáveis e por que vão
considerar históricos e islâmicos verdadeiros os textos mais aceitáveis [aos
padrões ocidentais]. Os reformistas provavelmente não terão como prover
respostas satisfatórias.
Então os muçulmanos reformistas precisam encontrar
um meio de reformar o Islã sem o jogo
do “apertar e soltar” com os textos das fontes, uma empreitada fadada ao
fracasso (a prova disso é que até agora tem falhado miseravelmente). Agora, a
reforma do Islã é um encargo que
muçulmanos moderados devem fazer eles mesmos – a reforma não deve ser imposta
de fora do “umma” (mundo) muçulmano,
mas deve surgir naturalmente e organicamente dentro dele. Numa palavra, é dos
próprios muçulmanos a difícil tarefa de reformar o Islã.
Tendo dito isso, eu sugiro que um caminho promissor
da reforma, ao menos ele é mais promissor do que ignorar fatos históricos é
acreditar nas fontes antigas, metodologia também advogada por Ahmad Ṣubḥī Manṣūr, um egípcio graduado
na Universidade de al-Azhar. Manṣūr é um proeminente muçulmano
reformista e um PhD e professor Azharī
[da Universidade al-Azhar].
A agenda reformista dele é muito simples: o Islã deve ser baseado somente no Corão. Com essa finalidade ele escreveu
todo um livro a respeito disso, intitulado “al-Qur’ān wa Kafa” (O
Corão é Suficiente), no qual ele
defende o ponto de vista de “Só o Corão”,
do qual ele é atualmente o maior e incontroverso defensor.
Manṣūr afirma que fontes islâmicas fora do Corão, redigidas várias gerações após a
morte de Maomé, não são historicamente
confiáveis e foram o subproduto de uma cultura sectária posterior, com
preocupações estranhas ao tempo de Maomé e
do Corão. [31] De
fato, ele descreve muitos dos textos impalatáveis encontrados em ahādīth como
“sem valor ”.
Um arremate dessa visão é que muitos dos textos de
ensinamentos impalatáveis do Islã
tradicional não são encontrados no Corão,
mas somente em textos de fontes extra-Corânicas,
que seriam eliminados do Islã. Alguns
exemplos de doutrinas impalatáveis ou eventos que não são encontrados no Corão, mas estão presentes em fontes
extra-Corânicas são os seguintes: a
visão de que mulheres são deficientes em inteligência e religiosidade; a visão
de que os apóstatas devem ser assassinados; as histórias nas quais Maomé escravizou mulheres e teve
(ostensivamente não-consensualmente) relações sexuais com algumas mulheres
capturadas; a visão de que Maomé
queria expulsar Judeus e Cristãos da
península arábica; a visão de que as pessoas devem ser combatidas até que que
acreditem que Maomé é o último e
verdadeiro Profeta, etc.
É importante notar que a visão de que o Islã deve basear-se somente no Corão e não em fontes extra-Corânicas não é algo completamente sem
méritos. As fontes extra-Corânicas do
Islã são eventos [da vida de Maomé] descritos muito tempo depois da
morte dele e são contraditórios em muitos pontos importantes. Aquele ḥadīth em
Sahih al-Bukhari que descreve Maomé dizendo que quem propuser qualquer
mudança na sua religião [o Islã]
merece ser assassinado é uma evidência fraca de que Maomé tenha realmente dito tal coisa.
Além do mais, renomados estudiosos ocidentais
(não-muçulmanos) do Islã, como Gabriel Said Reynolds, da Universidade Notre
Dame, consideram as fontes islâmicas extra-Corânicas,
viz., o sīyar (plural de sīra), tafasīr (plural
de tafsīr), e aḥadīth (plural de ḥadīth),
de serem historicamente não confiáveis na interpretação dos contexto do Corão ou em prover informações acuradas
sobre Maomé. [32] Ele
vê muitas histórias extra-Corânicas
como sendo descrições “Midrashic“
[interpretativas] de versos enigmáticos do Corão,
que teriam que ser lidos como literatura secundária em vez como descrições
históricas.
Tendo dito tudo isso, o caminho reformista putativo
de Manṣūr não é também sem deméritos.
Primeiro, a Sunna (ou o caminho de Maomé) está firmemente
entrincheirada no Islã original e muitos
muçulmanos veriam o Islã do “Somente
o Corão” como sendo algo muito
estranho do seu entendimento da religião. E eles estarão certos. O Islã do “Somente o Corão” seria uma forma estranha de Islã, depois de tudo, muitas
práticas islâmicas atuais não são baseadas no Corão, mas sim em fontes extra-Corânicas
(particularmente os aḥadīth); por exemplo, a obrigação de rezar cinco
vezes ao dia não é somente uma ideia do Corão,
mas também de textos de fontes extra-Corânicas.[33] Então,
num certo sentido, um Islã tipo “Somente
o Corão” é questionavelmente uma
religião diferente do Islã que a
maioria pratica atualmente.
Segundo, a maioria dos estudiosos do Islã, sejam estudiosos muçulmanos em
países muçulmanos, estudiosos orientalistas, ou de outras origens, acredita que
embora as fontes antigas extra-Corânicas estejam embelezadas, até em alto grau,
elas sem dúvida, ainda retém uma base sólida de verdade histórica. Estudiosos
como Reynolds são, como ele mesmo
diz, em minoria aqui. Orientalistas ainda seguem a metodologia do grande “islamisticista”
Theodore Noldeke (1836 – 1930), diferente
da abordagem muçulmana tradicional que usa somente as fontes, ele utiliza uma
abordagem crítica.
Terceiro, enquanto a abordagem “Somente o Corão” elimina muitas coisas
impalatáveis para as audiências ocidentais, ainda ficaríamos aparentemente com
os versos impalatáveis do próprio Corão.
Alguns versos
Corânicos, como aquele mencionado anteriormente, terão que ser esclarecidos
pelos muçulmanos reformistas. Entretanto, dado que o Corão é, como o islamicista F.E.
Peters declara, “um texto sem contexto”, [35] ainda
há bastante espaço para manobras interpretativas. [36]
Todas as coisas sendo iguais, quanto menos conhecemos
sobre o contexto dos antigos textos, tanto maiores são as plausíveis
interpretações daqueles textos. Isso dá aos muçulmanos favoráveis ao “Somente o
Corão” mais saídas nas explicações “prima facie” [numa visão superficial]
dos versos impalatáveis do que os Cristãos
e Judeus terão em explicar os violentos e impalatáveis elementos do Velhos
Testamento (o contexto do qual está muito claro nos próprios textos)
Esta é apenas uma das poucas abordagens putativas
que os muçulmanos reformistas podem adotar para combater certas doutrinas religiosas
que não são compatíveis com a ética igualitária ocidental. Qualquer que seja o
caminho que os muçulmanos reformistas tomarem, ele será como uma batalha colina
acima para eles. O próprio Manṣūr foi
julgado por um tribunal Azharī [da
Universidade al-Azhar] e expulso
daquela universidade em 1987. E depois de receber muitas ameaças de morte por
suas visões heterodoxas, ele pediu asilo político aos Estados Unidos, que lhe
foi concedido em 2002.
Mais recentemente, um jovem reformista, Islam al-Buhayrī, foi preso pelo governo
secular egípcio de ʿAbd al-Fatah al-Sisi’
por seus determinados esforços na rejeição de muito do que é impalatável nas
tradições Islâmicas. Da mesma forma, Sayyid
Al-Qumni está atualmente sendo processado no Egito, por suas alegadas visões
reformistas blasfêmicas. Esses corajosos reformistas estão liderando o caminho
da reforma do Islã, mas quando se
trata dos direitos das mulheres sob a Sharia,
as próprias mulheres muçulmanas deviam ser mais proativas e elas mesmas poderiam
começar a tomar a liderança nas demandas de tratamento igualitário para elas.
Como vimos acima, há muito nos textos das fontes islâmicas
que não é compatível com a concepção contemporânea ocidental de igualdade entre
homens e mulheres. Entretanto, existem caminhos possíveis para a reforma desses
elementos do Islã. E os reformistas
que que aplicam uma metodologia intelectual consistente, pessoas como o Dr. Manṣūr, devem ser encorajadas.
Conferencista
sobre Humanidades.
O texto acima foi traduzido do original, em inglês,
disponível no site do autor neste link. As referências numeradas entre [ ] ao
lado de algumas frases estão nas páginas abaixo.
A maioria das explicações entre [ ] são do próprio
autor e algumas foram acrescentadas por mim para maior compreensão de pessoas
não familiarizadas com o assunto. O texto original tem só a primeira imagem, a da mulher usando "niqab", cobrindo toda a cabeça.As demais imagens foram colocadas por mim, para tornar o texto menos árido.
Este texto em pdf pode ser baixado deste link.
Luigi B. Silvi
Contato: spacelad43@gmail.com
REFERÊNCIAS
[1] That being said, it should be noted that most
commentators are in agreement that the beating should not be severe (ghayr
mubarraḥ). That the beating should be ghayr mubarrah is
found in both the earliest tafsīr of the Qur’ān, as well as in
the so-called Farewell Sermon, which is recorded in Ibn Isḥāq’s Sīra. See
Muqātil b. Sulaymān, Tafsīr Muqātil b. Sulaymān, ed. ʿAbdallah
Muhammad Shahāta (Beirut: Mu’assasit al-Tarīkh al-Arabī, 2002), 371. For the
“Farewell Sermon,” see the original Arabic in Ferdinand Wüstenfeld ed., Das
Leben Muhammeds nach Muhammad Ibn Isḥāq (Göttingen: Dieterich,
1858–60), 969, and the corresponding English translation in ʻAbd al-Malik Ibn
Hishām, Muḥammad Ibn Isḥāq, and Alfred Guillaume, The Life of Muhammad:
A Translation of Isḥāq’s Sīrat Rasūl Allāh (Oxford:Oxford University
Press, 1955), 651.
[2] Samīr Khalīl Samīr, 111 Questions on
Islam: Samīr Khalīl Samīr, S.J. on Islam and the West: A Series of Interviews
Conducted by Giorgio Paolucci and Camille Eid, ed. Wafik Nasry, trans.
Wafik Nasry and Camille Eid (San Francisco: Ignatius Press, 2008), 118.
[3] Sahih (correct) ahādīth also
state that Muhammad married A’isha, the daughter of “the first rightly guided
caliph” Abu Bakr, when she was just six years old, and consummated the marriage
with her when she was just nine years old. See, e.g., Sahīh Al-Bukharī, Vol. 5,
Book 58, Hadīth 236.
[4] Sayyid Qutb, In the Shade of the Qur’ān, trans.
Adil Salhi and A. Shamis (Markfield, Leicester: Islamic Foundation), 82.
[5] Ibn Rushd, The Distinguished Jurist’s
Primer (vol.1), ed. Ahsan Khan Nyzazee (Reading: Garnet Publishing,
n.d.), 106.
[6] Samīr Khalīl Samīr, 111 Questions on
Islam, 111-12. Also see Ahmad ibn Naqib al-Misrī, The Reliance of the
Traveler (Umdat al-Sālik), trans. Nuh Ha Mim Keller (Beltsville, MD:
Amana Publications, 1997), Book N (Divorce), sec. 7.7, 565. Q 2:229 states that
“divorce (may take place) twice.” A.J Droge explains that this is
“usually taken to mean that a husband may divorce his wife twice and marry her;
but if he divorces her for a third time, it is not lawful for
them to remarry, until she has been married to another man and been divorced by
him [cf. Q 2:320].” See A.J Droge, trans., The Qur’ān: A New Annotated
Translation (Croydon: Equinox Publishing, 2013), 24.
[11] Although the verse does frown upon taking
more than one wife if the husband will not treat them fairly. And since it is
practically impossible for husbands to treat more than one wife equally, some
Muslim reformists have taken this to mean that polygyny is almost never
permissible. The only exception to this rule is Muhammad himself, who had
more than four wives. Q 33:50 is generally appealed to by Muslims as endowing
Muhammad with this prophetic charism.
[12] A.J. Droge, trans., The Qur’ān: A New
Annotated Translation, 47. The translation is unique in that it departs
from the practice of other translators of interpreting the Qur’ān through the lens
of later Islamic tradition, tradition which was penned down some generations
after the Qur’ān was written. Edward W. Lane, Arabic-English Lexicon (vol.2),
ed. Stanley Lane Poole (Cambridge: The Islamic Texts Society, 1984), 2967.
[16] Ibn Iṣhāq, Sīra Rasūl Allāh,
510-19. There are several lines of evidence that point to this being an aggressive
conquest and not one done out of self-defense. For example, the
people of Khaybar were clearly not expecting any attack, as they would if this
were indeed an attack done out of self-defense. Indeed, Ibn Isḥāq tells us that
“when the apostle raided a people he waited until the morning. If he heard a
call to prayer he held back; if he did not hear he attacked,” and that “when
morning came [but Muḥammad] did not hear a call to prayer” he rode out to
attack. Indeed, Muhammad and his warriors came upon the early-morning
famers of Khaybar who were “coming out with their spades and baskets (Sirat
Rasūl Allāh, 511).” Further evidence that that was not an exercise in
self-defense was that , as Ibn Isḥāq tells us, when the people of
Ghaṭafan heard that Muḥammad was moving his forces towards Khaybar, the men
hurried to defend their brothers in Khaybar, only to reneg because of rumors
that their families and properties were attacked during their absence. If this
were an act of self-defense, the people of Ghatafan would likely have already
joined the people of Khaybar prior to Muhammad’s military movement (ibid.).
[19] Sahih Al-Bukhari, Vol. 1, Book 8, ḥadīth 367; Sahih
Al-Bukhari, Vol. 5, Book 59, ḥadīth 522; Al-Ṭabarī, The
History of al-Ṭabari: Biographies of the Prophet’s Companions and Their
Successors, vol. 9, trans. Ismaʿīl K. Poonawala (Albany: State University
of New York Press, 1990), 134-35. Al-Ṭabarī, The History al-Tabari,
vol. 39, trans. Ella Landau-Tasseron (Albany: SUNY Press, 1998), 185. We say
“relatively early” because, absolutely speaking, the extra-Qur’ānic sources of
Islam are quite late. For example, the oldest biography of Muhammad, Sirat
Rasūl Allah by Ibn Isḥāq, was written at least around 120 years after
Muhammad’s death, and only comes down to us in rescinded versions (e.g., in the
versions of al-Ṭabarī and Ibn Hishām). Ibn Isḥāq’s biography of Muhammad gives
us further details about how Ṣaffiya’s husband, Kināna ibn al-Rabīʿ ibn Abī
al-Huqayq, was killed. Ibn Isḥāq relates that Muhammad tortured Kināna by
kindling fire with flint and steel on his chest until he was near dead, prior
to ordering Muhammad ibn Maslama to behead him. Ibn Isḥāq relates that Muhammad
did this because Kināna would not disclose to Muhammad where the treasure of
the Jewish tribe of Banu Naḍir was hidden. See ʻAbd al-Mālik Ibn Hishām,
Muḥammad Ibn Isḥāq, and Alfred Guillaume, The Life of Muhammad: A
Translation of Isḥāq’s Sīrat Rasūl Allāh (Karachi; New York: Oxford
University Press, 2001), 51.
[20] Sahih Al-Bukhari, Vol. 1, Book 8, ḥadīth 367.
Al-Ṭabarī, The History of al-Ṭabari: Biographies of the Prophet’s
Companions and Their Successors, vol. 9, trans. Ismaʿīl K. Poonawala,134.
[21] Al-Tabarī, in his prominent Tarīkh
al-Rusul wa al-Muluk (the Annals of the Prophets and the Kings), also
relates this story (though he seems to have been relying on a copy of Ibn
Isḥāq’s Sira) on the authority of al-Wāqidī, adding that after
Muhammad’s guard told him this, “the apostle laughed.” Al-Ṭabarī also adds that
Ṣafiyya was just seventeen years of age when Muhammad had sexual relations with
her. Cf. Al-Ṭabarī, The History al-Ṭabarī, vol. 39, 185.
[22] ʾAḥmad Ibn Yaḥyā al-Balādhurī, Futūh
al-Buldan, ed. ʿAmr Anīs al-Ṭabā (Beirut: Mu’assasit al-Ma’ārif, n.d.), 32.
[23] Indeed, Ibn Isḥāq tells us that Muhammad
picked Ṣafiya for himself on account of her beauty (Sahih Al-Bukhari,
Volume 5, Book 59, ḥadīth 522). She was, the sources
tell us, originally picked out by Diḥya al-Kalbī, one of Muḥammad’s
subordinates (cf., e.g., Sahih al-Bukhari, Vol. 1, Book 8, ḥadīth 367; Vol. 3, Book
34, ḥadīth 431; Vol. 5, Book 59, ḥadīth 512). However, her
youthful beauty ostensibly caught Muhammad’s eye and he wanted her for himself.
So he gave Diḥya other captured women in exchange for Ṣafiyya. A ḥadīth in Sunan Ibn Majah
states that Muḥammad gave Diḥya seven female slaves in exchange for Ṣafiyya
(Vol. 3, Book 12, ḥadīth 2272).
[24] The conclusion that it was rape, though
politically incorrect, seems to me to be inescapable, unless one wants to admit
the absurd proposition that a young woman would willingly have sex with someone
she hates very shortly after he had killed her friends,
tortured and killed her husband, and previously killed her father (the sources
do not specify that her brother and father were killed at Khaybar, only that
her husband was). Indeed, clearly Ṣaffiya was traumatized from witnessing the
killing of her people prior to Muhammad’s raping her. For Ibn Isḥāq reports how
when a Jewish woman who was taken captive along with Ṣaffiya was led past the
“[male] Jews that were slain,” the woman “shrieked and slapped her face and
poured dust on her head,” after which Muḥammad said, “take this she-devil away
from me.” It is extremely likely that Ṣaffiya shared her fellow Jewess’ very
natural sentiments here. Ṣaffiya certainly was in no mood to sleep with the
person who was ultimately responsible for this macabre deed, and the death of
her father, husband, and wider community. See Ibn Isḥāq, Sīrat Rasūl Allāh,
515.
[25] An interesting note in the context of this
article is that Muhammad apparently did not wait for Ṣaffiya’s
three-month idda or waiting period to expire before he
“married” her and had sexual relations with her. Just as he marks an exception
to the “no-more-than-four-wives” rule so he marks an exception to the
waiting-period rule. After all, in traditional Islam, Muhammad is considered to
be al-insān al-kāmil, i.e., the perfect man. (Al-Ṭabarī states that
he had married a total of fifteen women, consummated the marriage with
thirteen, and was married to eleven at one time; cf. Al-Ṭabarī, The
History of al-Ṭabari: Biographies of the Prophet’s Companions and Their
Successors, vol. 9, trans. Ismaʿīl K. Poonawala,126-7.)
[26] I give a suggestion for how Muslim reformers
can approach these thorny issues in the conclusion of the article.
[27] See Ibn Rushd, Bidāyat al-Mujtahid wa
Nihāyat al-Muqtaṣid , vol.1-4 (Cairo: Maktabat Ibn Taymiyya, 1995
A.D./1415 hijrī). The work has been translated in The Distinguished
Jurist’s Primer (vol.1-2), trans. Ahsan Khan Nyzazee (Reading: Garnet
Publishing, n.d.).
[29] “برنامج فقه المرأة – د.سعاد صالح -المقصود بملك اليمين – Fiqh
Al-maraa,” YouTube video, 3:37, posted by “AlHayah TV Network,” Sept. 12, 2014.
She literally says that that a Muslim man can “yastimtʿ bīhim kama
yastimtʿ bi zawjātihī” – i.e., he can” enjoy” female slaves or “those who
his right hand posses” just like he “enjoys” his wives.
[30] As the Islamicist Samir Khalil Samir notes,
although the Qur’ān clearly teaches the superiority of men over women, the male
duty to provide for women is also explicitly stated. See Samir Khalil
Samir, 111 Questions on Islam, 96.
[31] For example, in an interview with the prominent
Muslim turned trenchant critic of Islam Brother Rachid, he boldly states that
Mālik Ibn Annas and Ibn Isḥāq wrote the Muwatta and Sirā,
respectively “min dimāghihīm” (literally meaning “from their
brain”), implying that Ibn Isḥāq simply plucked the “historical facts” for his
biography out of thin air. See “سؤال جرئ 378 لقاء خاص مع الدكتور احمد صبحي منصور: الجزء الأول”, YouTube video, 15:17, posted by “Daring
Question,” Oct. 1, 2014.
[32] Regarding the tafāsīr, after Reynolds
demonstrates that they reflect “both confusion and creative speculation” with
respect to the mysterious letters (al-ahruf al-muqaṭṭaʿa) that begin
twenty-nine sūras (or chapters) of the Qur’ān, he states that “it
seems to me unlikely, to say the least, that the mufassirun (Qur’ānic
exegetes) are reliable preservers of an unbroken chain of Qur’ānic
interpretation, or that they remember perfectly the time and place and reason
why individual verses were revealed, and yet at the same time totally fail to
understand these letters.” Cf. Gabriel Said Reynolds, The Qur’ān in its
Biblical Subtext, (London; New York: Routledge, 2010), 19-20. With respect
to the ahadīth, he states that “the ḥadīth come
from collections written down only in the ninth century and have many
legendary, tendentious, exegetical, and anachronistic features.” Gabriel Said
Reynolds, The Emergence of Islam (Minneapolis: Fortress Press,
2012), 70. For a critical examination of the ḥadīth literature,
see Igńac Goldziher’s pioneering Muslim Studies, trans. S.M. Stern
and C.R. Barber (Chicago: Aldine Atherton, 1971); Goldziher’s German
original, Mohammedanische Studien, was published in 1889-90. Also
see Joseph Schacht’s seminal work, The Origins of Muhammadan Jurisprudence (Oxford:
Oxford University Press, 1950).
[33] The earliest mention of the obligation to
pray five times a day comes from the account of Muhammad’s ascent into heaven,
found in the Sīra of Ibn Isḥāq (p.186-7). In the account,
which is reminiscent of Abraham’s plea with God to spare the just inhabitants
of Sodom and Gomarrah, Muḥammad ascends into heaven and is told that the number
of daily prayers that are obligatory is fifty. Moses then convinces Muḥammad to
ask God to lower it to ten, and then finally to five, after which Muhammad is
too ashamed to ask for a lesser obligation.
[35] Francis Edward Peters, Muhammad and
the Origins of Islam (Albany: State University of New York Press,
1994), 259.
[36] As the late Islamicist Richard Bell in
his Introduction to the Qur’an (Edinburgh: Edinburgh
University Press, 1963), 100, states: “In the great bulk of the Qur’an
there is either no reference to historical events, or the events and
circumstances to which reference is made are not otherwise known. In regard to
such passages there are often differing traditions, and as often as not the
stories related to explain them turn out, when critically examined, to be
imagined from the passages themselves.”
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