Governos Sofrem de Dissonância
Cognitiva
(17/10/2016)
O Jornal Nacional, da Rede Globo,
na edição de 14/10/2016, veiculou uma extensa reportagem, que pode ser vista aqui,
mostrando o quanto pode ser perigoso para a saúde o hábito dos brasileiros da
automedicação.
Apenas uma mulher de Belém, a
capital onde mais de 90% das pessoas se automedicam, declarou ser obrigada a fazer
isso porque não consegue consultar médicos quando precisa e que se for esperar
a consulta passaria semanas sofrendo com os sintomas da doença.
A reportagem segue adiante
sem sequer cogitar a possibilidade da verdadeira causa do hábito de
automedicar-se ser o péssimo serviço de saúde provido por todos os governos, tanto
federal, quanto estadual e municipal em todas as grandes cidades brasileiras.
Apesar de já existir o serviço
voluntário do Centro de Valorização da Vida,
o governo federal e os governos estaduais fazem campanhas de valorização da
vida, tipo “setembro amarelo” e
outros, com finalidade de salvar vidas de pessoas que querer morrer. Tudo muito
louvável.
Esses mesmos governos não
conseguem prover serviços médicos de emergência para salvar vidas de pessoas
que querem desesperadamente viver. Praticamente todos os serviços de emergência
de hospitais públicos têm carência de médicos, instalações, leitos e aparelhos
para salvar as vidas das pessoas que vêm buscar ajuda.
É só abrir qualquer
jornal em qualquer dia do ano ou pesquisar no “google” para ver a quantidade de reportagens sobre as emergências
lotadas e pessoas morrendo nas salas de espera dos serviços de
emergência em todas as grandes cidades brasileiras.
Os governos fazem campanhas tipo “outubro rosa”, veiculando anúncios na mídia
e iluminando prédios e monumentos com essa cor, para incentivas as mulheres a
fazerem o exame de mamas, só que a maioria dos aparelhos que fazem esse tipo de
exame está inoperante e criam restrições práticas para sua realização.
É só abrir os jornais para ver a
quantidade de aparelhos
de mamografia quebrados, em todos os hospitais de todas as grandes
cidades do país.
Ainda tem a campanha de "novembro azul", para incentivar os homens a fazerem o exame da próstata.
Ainda tem a campanha de "novembro azul", para incentivar os homens a fazerem o exame da próstata.
Pertenço à classe
média e tenho um bom plano de saúde, excelente para fazer exames periódicos ou
consultas médicas não emergenciais. Só de pensar em ter que ir a um serviço de
emergência sempre lotado e com poucos médicos, mesmo em hospitais e clínicas
particulares, deixam-me muito preocupado.
São lugares infectados, com
pessoas doentes espremidas por horas em algumas poucas cadeiras, espirrando,
tossindo e transmitindo germes para os demais. Meu Deus! Dá pena ver crianças e
idosos esperando dezenas de horas nos serviços de emergência sem serem
atendidas.
Parece que os
burocratas do sistema de saúde sofrem de dissonância cognitiva e vivem num mundo
de fantasia, criando campanhas e promovendo ações sem sentido, apenas para
acomodarem suas mentes doentias a um sentimento de “estarem fazendo alguma coisa em benefício da sociedade”.
Se os serviços bancários são
obrigados a atender seus clientes em menos de 30 minutos, por que os serviços
de emergência não têm a mesma obrigação?
Luigi B. Silvi
PS: A teoria da dissonância cognitiva afirma que
cognições contraditórias entre si servem como estímulos para que a mente
obtenha ou produza novos pensamentos ou crenças, ou modifique crenças
pré-existentes, de forma a reduzir a quantidade de dissonância (conflito)
entre as cognições.
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