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A Redenção dos Três Bandidos

A Redenção dos Três Bandidos
(22/10/2016)

Se fosse dado a mim o poder e a obrigação de estabelecer a redenção de apenas três dentre as dezenas de bandidos descobertos na política brasileira desde a tomada do poder pelo PT, imediatamente escolheria Roberto Jefferson, Eduardo Cunha e Delcídio do Amaral, citados aqui apenas em ordem cronológica das justificativas de suas escolhas.

Não é para perdoá-los, porque os três são bandidos, mas sim apenas para levar em consideração o que fizeram para merecer o benefício de alguma atenuação da pena.

Roberto Jefferson surgiu no noticiário policial em 2005, ao escancarar na mídia o “mensalão do PT”. Lembro de algumas frases dele na ocasião, citando apenas duas, “o carequinha de minas [Marcos Valério], vem frequentemente a Brasília, com malas cheias de dinheiro para distribuir aos políticos” e “José Dirceu, sua visão desperta-me alguns instintos muito primitivos”.


Suas declarações viabilizaram a exoneração da chefia da Casa Civil de Lula, o então todo poderoso José Dirceu e posteriormente sua cassação pela Câmara dos Deputados, apesar de todos os esforços em contrário do então Presidente do STF, o petista Nelson Jobim.

A redenção de Roberto Jefferson não deve ser total porque insistiu em inocentar Lula, repetindo seguidas vezes que “Lula é inocente”, quando todos já sabiam que Lula era o chefe maior do Mensalão. Poderia não tê-lo acusado. Bastava não o ter defendido com tanta e irritante veemência. Talvez tenha feito isso na tentativa de cair nas boas graças da militância petista, que não gostava muito de José Dirceu, mas adorava Lula.

Acho até que deu certo, porque não teve uma pena tão longa e não foi muito execrado pela massa petista ou pelos militantes dos demais partidos. Se não agradou a todos, também não fez muitos inimigos ferozes.

Eduardo Cunha fez o que fez por razões que até agora estão sendo discutidas. Ficou algum tempo negociando com os dois lados sobre a aceitação ou não do pedido de cassação da Dilma, provavelmente com o intuito de levar alguma vantagem e salvar seu mandato e a própria pele, uma vez que já estava sendo acusado de fazer parte do “Petrolão”.


Quando aceitou o pedido de cassação, em dezembro de 2015, deixou muitas dúvidas sobre o que o teria levado a fazê-lo. Se foi porque o PT não aceitou defender o mandato dele ou se foi por ter dado ouvidos ao grande rumor popular dos “coxinhas”, clamando pela cassação da Dilma. Talvez tenha optado pela aceitação do pedido na esperança de ser defendido pelos movimentos populares de direita.

Não importa a razão verdadeira, o fato é que ele viabilizou a cassação da Dilma e o posterior desmantelamento do PT, atingindo o próprio Lula.

Pagou um preço alto pelas escolhas que fez. Acabou perdendo a Presidência da Câmara e o próprio mandato de deputado. Caiu em desgraça tanto na militância da esquerda quando da direita. Ninguém mais gosta dele. A esquerda porque cassou Dilma e a direita porque ”coxinhas” não têm bandidos de estimação. É perseguido e vaiado por onde quer que ande.

Hoje, 22/10/2016, Cunha está preso em Curitiba à disposição do Juiz Sergio Moro, a quem eu pediria levar em consideração como atenuante da sentença, o grande benefício que ele fez ao aceitar o pedido de Janaína Paschoal, Hélio Bicudo e Reale Junior. Agora que está preso, vamos ver o que mais Cunha vai aprontar para benefício próprio e por vingança contra seus desafetos.

Delcídio do Amaral era o simpático e maneiroso interlocutor do governo do PT junto às demais bancadas no Senado e Câmara Federal. Tinha bom trânsito em todos os níveis, nos Três Poderes, inclusive junto ao STF.

Era um dos homens de maior confiança no círculo palaciano. Tinha um futuro promissor dentro do governo.

Foi preso e perdeu o mandato de senador porque foi pego pela gravação do filho de Cerveró, quando estava armando um plano de fuga do delator, a mando de Lula. Havia conversas de que a intenção era silenciar Cerveró para sempre, durante a fuga.

Uma vez preso, não poupou ninguém acima dele. Entregou Lula, Dilma, Mercadante e outros. Ajudou muito na destruição da imagem mítica de Lula e na extinção do PT como força política de maior expressão. Para atenuar sua pena, escancarou muito do que sabia, mas não tudo, por isso mereceria apenas uma redenção parcial.

                                                                                                    Luigi B. Silvi








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