Pular para o conteúdo principal

ASCENSÃO E DECLÍNIO DAS RELIGIÕES

ASCENSÃO E DECLÍNIO DAS RELIGIÕES
(15/02/2017)

Desde tempos imemoriais até os dias de hoje, os grupos de seres humanos sempre tiveram algum tipo de guia espiritual exercendo influência no comportamento das pessoas comuns.


Essa força poderosa sempre teve também grande influência sobre os líderes políticos, sendo que em muitas nações as decisões são tomadas à luz dos ensinamentos de sua religião predominante e em algumas delas os representantes religiosos exercem também o supremo comando político.

Atualmente algumas das principais religiões ainda praticadas no mundo são: Budismo, Hinduísmo, Judaísmo, Cristianismo e Islamismo.

Podemos observar graficamente neste vídeo os períodos de ascensão e declínio de cada uma delas.


1.   Budismo

O Budismo tem como base os ensinamentos de Siddhartha Gautama, o Buda, nascido no ano 600 antes de Cristo, na Índia. Consiste na procura da realização plena da natureza humana. Segundo o Budismo, a existência é um ciclo contínuo de morte e renascimento e as vidas presentes e passadas são interligadas.

É uma filosofia ou religião não teísta (sem deuses) que abrange diversas tradições, crenças e práticas geralmente baseadas nos ensinamentos de Buda.


As bases das tradições e práticas são as Três Joias: O Buda (como seu mestre), o Dharma (ensinamentos baseados nas leis do universo) e a Sangha (a comunidade budista). Encontrar refúgio espiritual nas Três Joias ou Três Tesouros é, em geral, o que distingue um budista de um não budista. Outras práticas podem incluir a renúncia convencional de vida secular para se tornar um monge ou monja.

O alcance da libertação completa do sofrimento (Nirvana) exige conduta correta descrita nos oito caminhos do Budismo:
1. Visão correta (Enxergar a realidade como ela é, não como ela parece ser);
2. Intenção correta (Intenção de renúncia, libertação e inofensividade);
3. Fala correta (Falar de forma verdadeira e não agressiva);
4. Ação correta (Agir de forma não agressiva);
5. Viver corretamente (Viver de forma não agressiva);
6. Esforço correto (Esforçar-se para melhorar);
7. Atenção correta (Estar atento para enxergar as coisas com a consciência livre); 8. Concentração correta (Correta meditação e concentração).

O abandono da religião não traz maiores consequências para os apóstatas.

Calcula-se existirem atualmente cerca de 400 milhões de adeptos do Budismo, localizados principalmente na Índia, Tibet, China e Japão, perfazendo cerca de 6% da população mundial. Neste artigo, de Pankaj Jain, estão descritas as razões do rápido declínio do Budismo na Índia, onde surgiu.

Resumidamente o que escreve Pankaj Jain, é que as principais causas do declínio do Budismo foram: declínio do patrocínio da nobreza; o ressurgimento do Hinduísmo e a islamização de significativa parte do antigo território indiano. O Budismo praticamente desapareceu do Paquistão e Bangladesh, ex-integrantes do território indiano, hoje quase completamente islamizados.


2.   Hinduísmo

O Hinduísmo é um tipo de união de crenças com estilos de vida. Sua cultura religiosa é a união de tradições étnicas. Tem origem em aproximadamente 3000 anos antes de Cristo na antiga cultura Védica.


Trata-se de uma religião politeísta, sendo seus principais deuses: Brahma (Força criadora do Universo); Ganesha (Sabedoria e sorte); Matsya (Salvador da espécie humana); Sarasvati (Artes e da música); Shiva (Deus supremo, criador da Ioga), Vishnu (Responsável pela manutenção do Universo).

Os seguidores do Hinduísmo devem respeitar as coisas antigas e a tradição; acreditar nos livros sagrados; crer nas divindades; persistir no sistema de castas (determina o status de cada pessoa na sociedade); ter conhecimento da importância dos ritos; confiar nos guias espirituais e, ainda, acreditar na existência de encarnações anteriores.

O nascimento de uma pessoa dentro de uma casta é resultado do karma produzido em vidas passadas. Somente os brâmanes, pertencentes às castas "superiores" podem realizar os rituais religiosos hindus e assumir posições de autoridade dentro dos templos.
 
O abandono da religião não traz maiores consequências aos apóstatas, a não ser sua exclusão do convívio dos praticantes.

Existem cerca de 900 milhões de Hindus, compondo mais de 80% da população da Índia e Nepal e cerca de 13% da população mundial. Existe grande número seguidores também em Bangladesh, Paquistão, Sri Lanka e Indonésia.

Neste artigo, de Mahavir Sanglikar, ele discorre sobre as razões do declínio do Hinduísmo na Índia, onde surgiu e em países vizinhos, como o Paquistão, Bangladesh, Nepal e Indonésia.

Resumindo: conversão para a religião Sikh, a islamização quase total do Paquistão, Bangladesh e Indonésia, a conversão para o Cristianismo e ateísmo. Mais de 65% da população da Índia era composta por Hindus há algumas décadas, mas atualmente, segundo o autor, não passam de 40%.


3. Judaísmo

O Judaísmo presta culto ao Deus revelado a Abrahão, personagem que teria vivido cerca de 1800 anos antes de Cristo, cujos ensinamentos estão escritos no Torá, principal livro sagrado dos Judeus e em outros textos sagrados.


Entre os principais ensinamentos dos Judaísmo está a “Regra de Ouro”, que diz “não faça aos outros o que não deseja que façam a ti mesmo” e os Dez Mandamentos

1° Amar a Deus sobre todas as coisas; 2° Não tomar o nome de Deus em vão; 3° Observar os domingos e festas de guarda; 4° Honrar pai e mãe; 5° Não matar; 6° Não pecar contra a castidade; 7° Não furtar”; 8° Não prestar falso testemunho; 9° Não desejar a mulher do próximo; l0° Não cobiçar as coisas alheias.

Como rito de passagem, os meninos têm removida a pele que envolve a glande do pênis num ritual chamado de circuncisão. Os rituais religiosos são praticados por “Rabinos”.

Não há registros históricos de que o Judaísmo tenha sido imposto à força a algum povo, pelo contrário, os registros indicam serem impostas várias condicionantes para ser admitido na religião.

Embora a conversão ao Judaísmo não seja algo muito simples e comum, o abandono da religião não traz maiores consequências aos apóstatas, a não ser o natural afastamento do convívio com os praticantes.

O Judaísmo é a principal religião apenas em Israel, sendo praticada por pouco mais de 15 milhões de pessoas no mundo todo, basicamente por Judeus e alguns poucos convertidos.

O Judaísmo parece manter apenas o crescimento vegetativo do aumento da população judaica, sem possibilidade de crescer de forma significativa.

Embora com poucos seguidores, o Judaísmo é uma religião muito importante porque dela derivaram as duas maiores religiões praticadas atualmente: o Cristianismo e o Islamismo.


4. Cristianismo

O Cristianismo é derivado do Judaísmo pela reforma realizada por Jesus Cristo, considerado “Filho de Deus” e não um simples Profeta, pela simplificação e popularização dos ensinamentos da Religião de Abrahão.


Além do “Velho Testamento”, correspondente aproximadamente ao Torá Judaico, modificado e adotado pelos Cristãos, foi acrescentado um “Novo Testamento”, contendo os “Evangelhos” e outros ensinamentos agrupados na Bíblia, o Livro Sagrado dos Cristãos.

O Cristianismo também adota a “Regra de Ouro” e os Dez Mandamentos do Judaísmo. 

Os rituais religiosos do Cristianismos são celebrados por Padres, Freiras, Pastores, Pastoras ou Ministros e Ministras, conforme o ramo da religião à qual pertencem.

A adesão ao Cristianismo é muito simples, bastando passar a frequentar a Igreja ou Templo, cumprir as obrigações religiosas e praticar os rituais próprios de religião.

Embora no passado a religião tenha sido imposta a povos conquistados, já há bastante tempo isso não é praticado.

Apesar dos esforços dos dirigentes da Igreja Católica e Apostólica Romana, o maior grupo Cristão, o catolicismo teve várias dissidências ao longo do tempo, por grupos que não reconheciam a autoridade do Papa e divergiam de aspectos relacionados à prática da religião.


As principais dissidências ocorreram no século 16: a criação de Igreja Anglicana por Henrique VIII, na Inglaterra e a Reforma, de Martin Lutero, na Alemanha, que deixaram de reconhecer a autoridade do Papa.

O Cristianismo teve seu apogeu nos séculos 19 e 20, estando atualmente em grave crise de identidade, com muitos sacerdotes adotando um alinhamento político marxista, além dos diversos escândalos que estão acontecendo, principalmente na Igreja Católica.

O abandono do Cristianismo não traz maiores consequências aos apóstatas, que nem sequer sofre discriminação, continuando a conviver com os praticantes.

O Cristianismo é ainda a religião praticada por maior quantidade de pessoas no mundo todo. São aproximadamente 2,2 bilhões de praticantes, constituindo cerca de 30% da população mundial.

O Cristianismo parece estar crescendo abaixo da média do crescimento da população mundial, sendo que o catolicismo está em lenta decadência, principalmente devido aos escândalos de pedofilia dos padres e das posições políticas socialistas adotadas por seus dirigentes, inclusive o próprio Papa Francisco.

Quem ainda sustenta uma queda menor do Cristianismo são as religiões evangélicas, que crescem continuamente às custas de fiéis que abandonam o próprio catolicismo.


5.   Islamismo

O Islamismo foi fundado por Maomé, no século sexto, em Mecca (Arábia Saudita). Trata-se de uma religião monoteísta derivada inicialmente da religião do Patriarca Abrahão.


Com as muitas modificações introduzidas por Maomé e por seus discípulos, tornou-se fundamentalmente muito diferente, fazendo que Allah não seja mais aparentemente o mesmo Deus de Abrahão.

Por exemplo, o Islã não adota a “Regra de Ouro” (não faça aos outros o que não deseja que façam a você mesmo) e nem os “Dez Mandamentos”.

Os principais textos sagrados do Islã são: O Corão (A Recitação), a Sunnah (o Caminho de Maomé) e os Hadiths (as Narrativas).

O Islã tem como base os Cinco Pilares: 1. (professar e aceitar o credo); 2. Oração (orar cinco vezes por dia, voltado para Mecca); 3. Caridade (doar dinheiro aos necessitados); 4. Jejum (observar as obrigações do Ramadã); 5. Peregrinação (peregrinar a Mecca, pelo menos uma vez na vida, se tiver condições).

As autoridades religiosas islâmicas são chamadas de Imam, Mullah ou Yatollah, variando de uma região para outra.


Inicialmente o islamismo expandiu-se rapidamente por meio de guerras “jihadistas”, tendo sido imposto em praticamente todos os territórios conquistados, nos quais anteriormente eram praticadas outras religiões.

Teve seu apogeu no século 17, tendo passado por um longo período de decadência, mas está agora aparentemente em nova fase de expansão, tendo penetrado significativamente em vários países europeus por meio de imigração maciça de muçulmanos do Oriente Médio e norte da África.

O islamismo é muito criticado pelos atentados sangrentos praticados por muçulmanos fundamentalistas, revivendo a Jihad (guerra santa) de tempos passados. Calcula-se que os métodos violentos da expansão do Islã já tenham ocasionado a morte de mais de 270 milhões de pessoas nos seus quase1400 anos de existência.

Além de ser uma religião, o Islã é principalmente um sistema político completo de regulamentação da vida dos fiéis, que devem seguir à risca os ensinamentos de Maomé, conforme interpretação dos textos sagrados pelas autoridades islâmicas.

Fato curioso a respeito do Islã é a proibição de reprodução em imagens de quaisquer seres vivos, razão pela qual são muito raras as imagens de Maomé e de seus discípulos.


Após a morte de Maomé houve grande disputa pelo poder entre os descendentes e discípulos do Profeta, causando uma cisão que dura até os dias atuais, gerando confrontos violentos entre as facções sunitas e xiitas.

Os muçulmanos sunitas são maioria na Arábia Saudita e em todos os países de predominância muçulmana, exceto no Irã e Iraque, onde a maioria pertence ao ramo xiita.

O abandono do Islã não é permitido, sendo as tentativas de abandono passíveis de punições muito severas, podendo chegar muitas vezes inclusive à pena de morte aos apóstatas.

O islamismo é praticado por mais de 1,6 bilhão de pessoas em todo o mundo, perfazendo cerca de 23% da população mundial.

O islamismo parece ser a religião de maior crescimento atualmente, tanto em números absolutos quanto relativos, graças à alta taxa de natalidade de seus praticantes, muito superior à média mundial.

Como a religião permite que cada homem possua até quatro esposas, é comum a existência de famílias com mais de 20 filhos, quando a média dos países ocidentais é de menos de 3 filhos por casal.
Com o processo de imigração desenfreada para a Europa de habitantes muçulmanos do oriente médio e norte da África, devido às guerras entre sunitas e xiitas nessas regiões, haverá grande crescimento de praticantes do Islã em países europeus. Embora em menor escala, a imigração para a América do Norte está fazendo crescer a quantidade e muçulmanos nos Estados Unidos e Canadá.

Diferentemente do Cristianismo, que passou por várias reformas, o Islã mantém-se inalterado na sua prática fundamentalista desde sua criação, gerando muitos confrontos violentos entre seus próprios praticantes, devido a práticas consideradas bárbaras pelos padrões modernos ocidentais.

Conforme estudos realizados por Immanuel Al-Manteeqi publicado sob título “A Mulher sob a Sharia”, existem movimentos advogando a reforma do Islã, no sentido de torna-lo menos fundamentalista, o que pode ensejar a adesão de mais adeptos.

Recentemente o governo do Marrocos, um país muçulmano relativamente moderado, revogou a lei que condenava à pena de morte qualquer muçulmano que abandonasse a religião.

A redução dos rigores da Lei Islâmica (Sharia), tornará mais atraente a aceitação da religião e neste ritmo o islamismo deverá ultrapassar o cristianismo, tornando-se a maior religião do planeta ainda nas próximas décadas.

Cabe registrar que o islamismo é a mais recente das principais religiões, não tendo chegado aparentemente ao seu maior apogeu e posterior declínio.


6.    Ateísmo

Calcula-se que cerca de 20% da população mundial não pratique qualquer religião, isto daria mais de 1,4 bilhão de pessoas. Seria a terceira maior “religião” do planeta.

Mais de 1 bilhão desses “não-religiosos” declaram-se ostensivamente ateístas, negando a existência de qualquer divindade.

O comunismo, uma ideologia política materialista muito expressiva durante o século 20, tem como um de seus princípios a negação da existência de Deus e praticamente todos os seus maiores dirigentes eram ateus, pelo menos publicamente.

O ateísmo parece estar crescendo, tanto em números relativos quanto absolutos, em razão dos escândalos na Igreja Católica e à violência dos terroristas islâmicos, as duas mais numerosas religiões da atualidade. O Budismo e o Hinduísmo também vêm perdendo fiéis para o ateísmo.


CONCLUSÃO
Como pode ser visto no vídeo sobre a expansão das religiões, todas elas tiveram um período de crescimento, chegaram ao apogeu e depois declinaram. Algumas ressurgiram reformadas e obtiveram novos êxitos.

No caso do Islã, seu primeiro apogeu aconteceu no século 17, tendo declinado desde então até meados do século 20, quando ressurgiu com bastante força, em parte graças à riqueza proveniente da venda do petróleo descoberto na Arábia Saudita, Irã e Iraque. Isto pode ser visto neste vídeo de uma palestra da estudiosa Brigitte Gabriel.

Até onde irá o Islã, não dá para saber ainda, mas a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, certamente está retardando um pouco a expansão desenfreada dessa ideologia político-religiosa, que não hesita em usar métodos violentos para obter sua expansão. Assim como as demais religiões, o Islã um dia também vai entrar em declínio.

Embora todas as religiões mencionadas sejam machistas, o Islã leva isto ao extremo, considerando as mulheres como seres inferiores e tratando-as como meras propriedades dos homens.


                                                                          Luigi B. Silvi


Contato: spacelad43@gmail.com


NOTA:
A intenção deste texto é apenas dar uma ideia geral muito sucinta sobre as principais religiões praticadas atualmente, sem maiores pretensões a não ser facilitar o conhecimento de suas características fundamentais e suas perspectivas futuras.

Para uma visão da expansão geográfica das principais religiões no período de 3000 a.C até 2000 d.C., clique Neste Link.

Para uma visão um pouco mais detalhada do islamismo e outras indicações, clique neste link.











Comentários