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Jihad - Luta [pela causa de Allah]

Jihad – Luta [pela causa de Allah]
por Peter Townsend

A palavra árabe “jihad” significa “esforço” ou “luta”. Muitos defensores do Islam proclamam que a palavra é completamente mal interpretada no ocidente e que é simplesmente uma “luta interna” de cada indivíduo.
Esse argumento será discutido adiante, mas deixem-me dizer por agora que a expressão “jihad no caminho de Allah” (al-jihad fi sabil Allah) sempre carrega a conotação de luta física, tanto no Corão como nos hadiths. É uma ideia perigosa, em outras palavras, que todos os meios são lícitos, inclusive a violência pode ser usada, para aumentar os domínios de Allah. 
   
Qualquer discussão sobre a possível relação entre o Islam e a violência será controversa, especialmente sempre que existam posições muito arraigadas, tanto entre os muçulmanos quanto nas comunidades não-muçulmanas. É minha intenção nesta seção lidar com esse assunto calmamente e deforma desapaixonada e, tanto quanto possível, simplesmente referir-me apenas a textos sagrados do próprio Islam.

Neste processo argumentarei que os muçulmanos são de fato comandados a fazerem guerra e cometerem atos de violência em nome da expansão do Islam. Gostaria de pedir aos leitores para não “matarem o mensageiro” se não concordarem com o que está escrito, mas em vez disso darem uma lida cuidadosa nos textos mencionados e concluírem por si próprios. Pode ser que o problema não seja eu, mas sim no que o Islam tem ensinado desde seu surgimento.

Esta seção é composta por três partes distintas:

1)  Uma visão geral sobre o que é ensinado no Corão sobre o uso de violência contra descrentes;
2) Uma avaliação da autoridade relativa dos textos Corânicos que advogam a violência; e
3) Discussão dos três contra-argumentos mais comuns que são frequentemente usados quando é estabelecida a relação entre o Islam e a violência.

4.1. Os versos sobre violência no Corão.
O Corão contém grande quantidade de versos clamando para o uso de violência contra os descrentes, para ampliação do domínio do Islam. O fato que, felizmente, a maioria dos muçulmanos modernos escolhem não os seguir não remove a existência desses versos do Corão. Aqueles que decidem agir em nome desses versos, prontamente apontam que os assim chamados “muçulmanos moderados” estão sendo infiéis aos ensinamentos do Corão por preferirem viver em paz com os descrentes, em vez de obedecerem aos claros comandos do Corão.
Antes de olharmos para alguns versos violentos do Corão, é conveniente lembrar que eles estão contidos num livro eterno. Os comandos não podem, portanto, ser simplesmente considerados fora do contexto no qual foram revelados. Determinar o exato contexto é, de qualquer forma, quase impossível. Mesmo que aceitemos os contextos providos pelo livro “Época da Revelação” (Asab al-Nuzul), logo fica claro que grande proporção dos versos violentos do Corão não foram “revelados” em circunstâncias nas quais possam ser interpretados como atos de legítima defesa. Esses versos tratam frequentemente de circunstâncias que podem somente ser interpretados como agressivos ataques de guerra. Além do mais, esses comandos são genéricos (i.e., não limitados a determinados inimigos ou circunstâncias) e podem assim serem interpretados como comandos perpétuos na guerra contra descrentes. Com isso em mente deixem-me voltar a uma pequena seleção de versos violentos encontrados no Corão. Na leitura, leve em conta a existência de mais versos como esses espalhados pelo livro:

“Mate!” Porque rebelião de descrentes é pior do que a matança: O verso seguinte foi supostamente revelado não muito depois que Maomé e seu pequeno banco de seguidores emigrou de Mecca para Medina. Eles não estavam sendo atacados nessa época e o verso é, portanto, um comando direto de guerra ofensiva conclamando os muçulmanos a retornar a Mecca e matar os descrentes: “E matem-nos onde quer que consiga pegá-los, e expulse-os de onde expulsaram vocês; porque tumulto e opressão são piores que a matança. E combata-os até que não exista mais tumulto ou opressão, e lá prevaleça a justiça e a fé em Allah; mas se eles se entregarem, cessem as hostilidades, exceto contra os que praticam a opressão.” (Corão 2:191 e 2:193). As palavras “tumulto e opressão” derivam o termo arábico “fitna”, que no contexto do Corão pode referir-se aos descrentes ou a rebelião e desordens que acompanham a descrença. Então os muçulmanos são chamados a continuar lutando e matando até que a “fitna” cesse e o povo se converta ao Islam. As implicações desses versos são assustadoras. Eles ensinam muçulmanos que é pecado maior estar em “fitna” (i.e., em rebelião contra Allah) do que matar os revoltosos.

Lutem! Mesmo que odeiem lutar: É interessante notar que mesmo alguns companheiros de Maomé relutavam em aceitar a quantidade de matanças que eram comandadas a eles. Quando alguns muçulmanos estavam reticentes a sair em outro ataque para roubar não-muçulmanos, o verso seguinte foi conveniente “revelado”: “Lutar é determinado a você, mesmo que não goste. Mas é possível que não goste de uma coisa boa para você e também goste de coisas que são ruins para você. Mas Allah sabe e você não sabe.” (Corão 2:126). Novamente vemos a comunidade não estando sob ataque (então legítima defesa não pode ser argumento) e sendo compelida por Maomé a lutar e matar em nome de Allah.

Lutar por Allah é uma das melhores coisas que um muçulmano pode fazer: Alguns muçulmanos modernos apreciam declarar que o termo “jihad” refere-se a uma luta espiritual de cada indivíduo. Esse argumento será discutido em mais detalhes adiante. Por agora podemos notar que esse sentimento é claramente contradito pelo verso 4:95 do Corão, no qual ele é explicitamente declarado ser uma luta física na qual Allah tem a maior prioridade. Está claro pelo contexto que o que está sendo clamado nada tem de “espiritual” porque os deficientes físicos podem engajar-se em luta espiritual, mas não em luta física, da qual são explicitamente dispensados: “Não iguais são os crentes que permanecem [em casa] – além dos aleijados – e os combatentes, [que combatem e lutam] na causa de Allah com suas posses e suas vidas. Allah prefere os combatentes [mujahideen] por suas posses e suas vidas sobre aqueles que ficam [atrás]. E para ambos Allah promete o melhor [recompensa]. Mas Allah prefere os combatentes sobre os que ficam [atrás] com grandes recompensas.” (Corão 4:95).
Lutar pode ser associado com terror e mesmo mutilações: Allah deixa claro no Corão que o terror faz parte da estratégia contra descrentes e que seus seguidores são instrumentos daquele terror: “Eu vou encher de terror os corações dos descrentes; atinjam-nos no pescoço e cortem as pontas de seus dedos.” (Corão 8:12). Isso está longe de ser uma “luta espiritual” tanto quanto seria possível imaginar. A mutilação dos corpos dos inimigos combatentes (vivos ou mortos) é reconhecida como um grave crime de guerra (IV Convenção de Genebra, Protocolo Adicional 11). Mesmo assim, aqui vemos Allah, “O Misericordioso” comandando isso como parte da estratégia para “encher de terror os corações dos descrentes”. Este verso também explica a predileção que os modernos jihadistas tem em usar a decapitação como forma preferencial de execução de prisioneiros. Eles não pegaram isso do ar. Estão apenas tentando ser tão fiéis quanto possível a um comando direto do Corão para “atacar os pescoços” dos inimigos.

Lutem para subjugar os descrentes. O capítulo 9 é de longe o mais violento capítulo do Corão. Também é um dos últimos capítulos “revelados”. O significado disso será explicado adiante. O primeiro ultra violento comando desse capítulo é assim: “Mas quando os meses proibidos passarem, então lutem e matem os pagãos onde os encontrem, encurralem-nos, capturem-nos, e armem emboscadas para eles em todos os lugares (da guerra); mas se eles se arrependerem e se rezarem regularmente e praticarem a caridade, então deixem-nos seguir; porque Allah é benevolente e misericordioso.”. (Corão 9:5).

Os muçulmanos são aqui comandados a entrar em luta aberta contra os pagãos. Isso poderia ser encarado como legítima defesa? Não pelo teor do verso. Os descrentes são para serem combatidos até que aceitem o Islam! Leia a declaração perto do final. Eles são para serem combatidos até que eles “pratiquem preces regulares” e “pratiquem regular caridade”. Isso pode parecer despretensioso até que se saiba o significado das palavras usadas, em arábico.  Elas são “salah” (para prece) e “zakat” (para caridade). Elas são referidas como “Prece Islâmica” e “Caridade Islâmica” (parte dos Cinco Pilares do Islam). A implicação é, portanto, que a conversão ao Islam é aqui declarada com um claro objetivo militar.

Combatam inclusive o “Povo da Bíblia”. Já vimos que apologistas do Islam gostam muito de apontar a afinidade especial supostamente existente entre os muçulmanos e o “Povo da Bíblia” (Judeus e Cristãos). Está claro no Corão, no entanto, que a relação nunca foi vista como igualitária. De acordo com o Corão, muçulmanos devem ter a supremacia e Judeus e Cristãos devem ser combatidos se não se submeterem ao domínio do Islam. O Corão expressa essa ideia assim: “Combata aqueles que não creem em Allah nem no Último Dia, nem possuírem o proibido, que foi proibido por Allah e Seu Mensageiro, nem reconhecerem a religião da Verdade, [mesmo que sejam) do “Povo da Bíblia”, até que paguem a “Jyzia” voluntariamente e sentirem-se efetivamente submissos.” (Corão 9:29). Este verso claramente clama por ataques violentos contra Judeus e Cristãos, até que se tornem muçulmanos ou sejam subjugados e “se sintam eles próprios submissos”.

Deve ser notado, novamente, que esses versos estão longe da totalidade dos versos do Corão que tratam do tópico da violência em nome de Allah. Eles são apenas uma pequena amostra. Não conseguimos ler esses versos sem chegar à conclusão de que a existência de um estado de guerra permanente contra descrentes é a parte mais importante do Corão.

Isso levanta a questão da importância relativa dos versos violentos. Eles seriam apenas uma curiosidade histórica ou carregam grande importância teológica na maneira com que o Islam evoluiu subsequentemente?

4.2 Qual a importância teológica dos versos violentos do Corão?
Alguns leitores podem pensar que esses versos violentos são apenas relíquias históricas que nada representam no desenvolvimento subsequente do Islam. Nada pode estar mais longe da verdade! Esses aspectos dos ensinamentos do Corão são considerados fundamentais para o entendimento de sua fé pelos teólogos muçulmanos ortodoxos.  
Existem primeiramente duas razões, discutidas adiante, para isso.
a)   Os versos violentos não relativamente “novos” e
b)  A prioridade no uso da violência em nome de Allah é ratificada em muitos hadiths (tradições).

Os versos violentos ab-rogam os versos pacíficos ao invés do contrário. Já foi constatado que os versos violentos do Corão foram revelados em época posterior à dos versos pacíficos. A razão disso é provavelmente que Maomé no início tinha que falar uma linguagem mais pacífica enquanto liderava um pequeno grupo de seguidores em Mecca. Seu pequeno grupo não estava em posição de resistir às forças militares dos governantes pagãos e suas pregações de paz e tolerância podem, portanto, serem interpretadas como petições, perante a poderosa maioria, para viver em paz com a fraca minoria muçulmana. Tão logo Maomé adquiriu poder militar, após emigrar para Medina, sua retórica mudou. A partir de então os versos violentos começaram a ser revelados cada vez mais, à medida em que Maomé aumentava suas forças na luta de conquista em nome de Allah.

Essa cronologia é bastante significativa em razão do assim chamada “Lei da Ab-Rogação”: “Nenhuma das Nossas revelações, Nós cancelamos ou deixamos para ser esquecida, mas Nós substituímos por algo melhor ou similar. Não sabes tu que Allah tem o poder sobre todas as coisas?” (Corão 2:106). De acordo com essa lei, quando dois versos se contradizem, o mais recente cancela (ab-roga) o mais antigo.  

Em termos gerais, podemos assumir que as passagens reveladas em Medina sempre cancelam as passagens reveladas em Mecca, se houver qualquer conflito entre elas. Isso tudo significa que os versos violentos (revelados em Medina) podem ser declarados terem maior grau de relevância escritural dos que os versos pacíficos. Os que argumentam em favor da violência tem, portanto, maior base teológica em seus argumentos. Isso é bastante assustador, quando encarado do ponto de vista não-muçulmano, mas também não vamos enfiar nossas cabeças na areia e fingir que eles não existem e que tudo o que está no Corão é de paz, coexistência, tolerância e amor.

A mensagem dos versos violentos é ratificada em diversos textos dos hadiths (tradições).  Os hadiths, sobre os quais tanto a prática da fé muçulmana é baseada, deixam claro que aqueles versos do Corão que conclamam a violência estão longe de serem apenas curiosidades históricas. Muitos hadiths individuais confirmam a extrema importância do papel da violência na expansão do Islam em formas que ratificam e mesmo ampliam a mensagem contidas nos versos violentos do Corão. A seguir está um exemplo representativo:

Não-combatentes são alvos legítimos: Alguns apologistas do Islam afirmam que os versos de violência são suavizados pelo fato de serem apresentados majoritariamente em contexto de campanhas militares. A violência, ou assim é chamada, pode ser interpretada como sendo não indiscriminada. Isso contradiz diretamente várias tradições nas quais Maomé expressa sua falta de consideração pela morte de não-combatentes, declarando que mulheres e crianças deviam ser vistos como partes da comunidade que estava sendo combatida. Podiam, portanto, serem considerados como alvos legítimos. Aqui está um exemplo: “O Profeta foi perguntado se era permitido atacar combatentes pagãos à noite, expondo assim as esposas e filhos deles ao perigo. O Profeta respondeu, eles (mulheres e crianças) fazem parte deles (i.e., pagãos).” (Sahih Buckhari 52:256).

Este hadith é preferido por aqueles que cometem atrocidades em nome do Islam, durante as quais pessoas inocentes são assassinadas. Eles justificam suas ações, deixando claro não haver pessoas “inocentes” de fato, quando uma comunidade é alvo de seguidores do Islam. A comunidade muçulmana permanecerá em Guerra contra os descrentes até o fim dos tempos.

O hadith seguinte é bastante sombrio e deveria ser um ato de despertar para aqueles que acreditam que um tratado de paz duradouro é possível com quem leva a sério os versos violentos do Corão: “Três coisas são as raízes da fé: conter-se de matar uma pessoa que clama ‘não há outro deus senão Allah’, e não declará-la descrente por qualquer pecado que tenha cometido, e não expulsá-la do Islam por qualquer de suas ações; e o Jihad será praticado continuamente desde o dia que Allah enviou-me como Profeta até o dia em que o último membro de minha comunidade lutar contra o Dajjal (anticristo); a tirania de qualquer tirano e a justiça de qualquer justo (governante) não invalidam isso. Devemos ter fé nos Desígnios Divinos (Abi Dawud 14:2526-27). [NdoT: a terceira coisa (a tirania...) foi acrescentada pelo tradutor por estar faltando na versão em inglês]

A salvação pode ser conquistada por meio da luta por Allah. É o hadith favorito absoluto dos modernos jihadistas em que Maomé declara: “Saibam que o paraíso está sob as sombras das espadas”. (Sahih Bukhari 52:73). Violência pode ser usada contra companheiros muçulmanos que demonstram pouco entusiasmo na prática do Islam: num hadith alarmante, Maomé ordena queimar vivos alguns muçulmanos que não compareceram às preces. [Maomé disse]: “Decidi ordenar a um fiel liderar as preces e depois pegar uma tocha e queimar todos os que não deixaram suas casas para vir às preces, queimá-los vivos dentro de suas casas.” (Bukhari 11:626).  Se nada mais, esse ato bárbaro deve ter chamado a atenção ao resto dos muçulmanos da comunidade e deve ter fortalecido ainda mais o reino de terror de Maomé.

4.3. Tentativas de dissimular o fato que o Corão ensina violência contra descrentes.  A importante posição dada aos versos contendo violência e suas confirmações e ampliações em hadiths deixa claro que eles são de importância central na interpretação do Corão por parte de muçulmanos ortodoxos. Qualquer tentativa de ignorar isso representa uma negação das claras mensagens existentes no Corão e nos hadiths.

Muitos muçulmanos modernos ficam profundamente desconfortáveis com os veros sedentos de sangue existentes no Corão e tentam evidenciar as mensagens do Corão que falam de paz e amor.
Os três argumentos mais empregados na defesa dessa posição são:
·  A palavra jihad refere-se a luta espiritual interna de cada indivíduo;
·      O Corão diz que matar uma única pessoa é como matar toda a humanidade;
·        O Corão afirma não ser o Islam uma “religião compulsória”.

É o “auto Jihad” a mais importante forma de Jihad?  Muitos apologistas muçulmanos promovem a ideia da existência de “maior” e “menor” forma de jihad.  Esforçar-se (a palavra jihad significa esforçar-se) contra seus próprios desejos é considerado o maior jihad, que faz o “Jihad no Caminho de Allah” (lutar por Allah) o menor jihad. Essa ideia é baseada na história mencionada num livro de século XII, A História de Baghdad, por Yahya ibn al “Ata”, que diz: “Nos foi dito por Layth, com autoridade de ‘Ata’’’, que disse “O Profeta retornou de uma de suas batalhas, e daí em diante nos disse, Vocês chegaram com uma excelente chegada, vocês vieram de um menor Jihad para o maior Jihad – o esforço de um servo [de Allah] contra seus próprios desejos.”

A primeira coisa a ser notada é que a primeira vez que esse hadith aparece é no século XII, cinco séculos depois da morte de Maomé! Está completamente ausente das maiores coleções de hadiths, notadamente de Sahih Bukhari, Sahih Muslim, Dawud, Tirmidhi, etc. A ideia que “luta interior” é a principal forma de jihad também contradiz o Corão. No Corão (4:95-96), está claro que a mais importante forma de jihad é: “Não iguais são os crentes que permanecem [em casa] – além dos aleijados – e os combatentes, [que combatem e lutam] na causa de Allah com suas posses e suas vidas. Allah prefere os combatentes [mujahideen] por suas posses e suas vidas sobre aqueles que ficam [atrás]. E para ambos Allah promete o melhor [recompensa]. Mas Allah prefere os combatentes sobre os que ficam [atrás] com grandes recompensas.”

É por causa do que está acima que os estudiosos clássicos do Islam desmerecem este hadith e sua tremula cadeia de transmissão classificando-o como ”fraco” ou “inventado”.

Alguns exemplos:

·    IbnTaymiyyah: Este hadith não possui origens e ninguém no campo do conhecimento Islâmico que o narrou. Jihad contra descrentes é a mais nobre forma de ação e além do mais é a mais importante ação em favor da humanidade.” (Al-Furqan p.44-45).
·     Al Bayaqi: “Sua cadeia de narração é fraca. (Da’eef)”.
·   O hadith de “luta interior” é também contradito por vários sahih (oral) hadiths. Poderia multiplicar exemplos, mas vou restringir-me a exemplificar as maiores e mais celebradas coleções de hadiths (Sahih Buckhari, Sahih Muslim e Sunan Ibn Majah):
·   Abu Hurayrah narrou: “Ao Profeta foi perguntado: ‘Ó Rasoolullah! Qual ato pode ser equivalente a um ‘Jihad Fi Sabeelillaah’ (Luta pela Causa de Allah)? Ele respondeu: ‘Você não teria forças para realizar esse ato’. [O narrador disse]: Repetiram a pergunta duas ou três vezes. Cada vez ele respondeu: ‘Você não teria forças para realizar esse ato’. Quando a pergunta foi repetida pela terceira vez, ele disse: Alguém que vai ao Jihad é como a pessoa que faz jejum, reza frequentemente, obedece o que lhe é ordenado no Aayah (do Corão), e não mostra lassidão no jejum e reza até o Mujaahid (combatente) voltar do ‘Jihad Fi Sabeelillaah” (Luta pela causa de Allah).” (Sahih Muslim 4636).
·    Abu Hurayrah narrou: Um homem veio até o Mensageiro de Allah e disse, “Guie-me a realizar um feito que é igual ao Jihad (em recompensa); Ele respondeu, ‘Eu não conheço tal ato’ e acrescentou, ‘Poderia você, durante o tempo que o Mujaahid (combatente) permanecer no Jihad, entrar na Mesquita, rezar continuamente e jejuar todo o tempo?’; O homem disse, ‘Mas quem poderia fazer isso?’” (Sahih Bukhari 4:41).
· Ao Apóstolo de Allah foi perguntado, “Qual é o maior feito? Ele respondeu, Acreditar em Allah e em Seu Apóstolo (Maomé). O inquirente então perguntou, Qual o seguinte (em bondade)? Ele respondeu, Participar em Jihad (luta sagrada) pela Causa de Allah.” (Sahih Bukhari 1:2:26).

· Foi narrado que Amr binAbasah disse: “Eu fui ao Profeta e perguntei: “Ó Mensageiro de Allah, qual é o melhor Jihad? Ele disse: [Aquele do homem] cujo sangue é derramado e seu cavalo é ferido.” (Sunan Ibn Majah 2794).

Está claro pelo escrito acima, que a ideia que o “jihad contra si próprio” é a mais importante forma de jihad não tem qualquer base em ensinamentos islâmicos ortodoxos. A razão pela qual muitos modernos estudiosos muçulmanos se apegam a um hadith tão fraco em sua mensagem, escrita quinhentos anos depois da morte de Maomé, nada tem a ver com o desejo de permanecer fiel aos ensinamentos de Maomé, mas sim a uma desesperada tentativa de distanciar-se deles.

A mensagem problemática dos “mais pacíficos versos do Corão”.  
Sempre que é dito que o Islam prega uso da violência contra os descrentes, apologistas islâmicos logo respondem declarando que o Corão ensina que “matar um inocente é como matar toda a humanidade (Corão 5:32). A primeira coisa a notar nesse verso é que ele não é autenticamente islâmico, porque foi copiado e adaptado de Escrituras Judaicas (Jewish Midrash). Além disso, é interessante notar que os apologistas quase nunca citam todo o verso  (para não ler o Corão “no contexto”). O Corão diz o seguinte: “Com aquela finalidade, Nós ordenamos aos Filhos de Israel que se qualquer um deles matar uma pessoa – exceto se for por assassinato ou por espalhar desordem na região – será como se ele assassinasse todo o povo. E se qualquer um salvar uma vida, será como se ele salvasse a vida de todo o povo. Então, embora fossem até eles Nossos mensageiros, com claras ordens, ainda, mesmo depois disso, muitos deles continuaram cometendo excessos na região.

A punição para aqueles que travam guerra contra Allah e Seu Mensageiro, e causam grande e maior desorientação pela região é a execução, ou a crucificação, ou o corte das mãos e pés em lados opostos, ou exílio da região; essa é a desgraça deles nesse mundo, e a pesada punição é deles daqui para a frente. (Corão 5:32-33).

É imediatamente óbvio que este verso não é clara condenação a todo o tipo de assassinatos. Aqueles que espalham “desordem” na região não são inocentes e devem ser mortos. Muito vai depender do significado de “desordem” no Corão. Vamos ver isso em dois dos mais veneráveis livros de tafsir (interpretações) do Corão Sunita. As duas coleções em questão são aceitas como determinantes para o grau em que os muçulmanos sunitas que rejeitam suas intepretações dos textos do Corão serem acusadas de ensinar bidah (inovação), tornando-os heréticos!
      Tafsir Ibn Khatir: O significado de desordem/corrupção – Suas desordens são desobediência a Allah, porque quem quer que desobedeça Allah, ou os mandamentos de Allah, comete desordem na região. 
      Tafsir Ibn Abbas: Quem matar um ser humano por outras razões, que não desordem ou corrupção na região, ou por causa de idolatria, será como se tivesse assassinado toda a humanidade

Para deixar mais claro ainda: A tradicional interpretação deste texto faz equivalência de “desordem” a descrente. Estudiosos muçulmanos tendem, à luz desse texto, restringir a aplicação do verso, declarando que ele ensina que a vida muçulmana é sagrada. Descrentes, portanto, não devem esperar qualquer proteção nesse verso.

Isso é confirmado pelo hadith em Sahih Bukhari, onde o princípio é explicitamente declarado, “O Apóstolo de Allah disse: Fui comandado a combater o povo até que diga: ‘Ninguém tem direito de adorar outro além de Allah’. E se eles disserem isto, rezarem nossas preces, olharem para Mecca e sacrificarem como nós sacrificamos, então seu sangue e propriedades serão sagradas para nós.  (Sahih Bukhari 1:8:387). Então se você não é “inocente” por ser idólatra, o verso seguinte (5:33) determina seu destino. Aqueles que “fazem desordem na região” deverão ser “mortos, crucificados e terem seus membros amputados! ”  É profundamente irônico que um verso advogando a morte violenta de descrentes seja adocicado para soar nobremente (e adaptado!) como sendo uma declaração ampla de clamor pela paz e tolerância.

Existe mesmo ‘Religião não Compulsória’? 
Um dos versos favoritos para os que clamam que o Islam verdadeiramente prega a paz com os descrentes é este: “Que não haja compulsão em religião; a Verdade permanece livre de erros; quem rejeita o demônio e acredita em Allah adere à mais confiável alça, que nunca quebra. E Allah ouve e sabe tudo.” (Corão 2:256). Este verso foi “revelado” quando o movimento de Maomé ainda não tinha predominância e pode assim ser interpretado como um pleito de tolerância em relação aos muçulmanos. Não pode ser entendido como um princípio a ser aplicado quando os muçulmanos estão no poder.

Isso é confirmado pelo fato de ser contradito por várias revelações posteriores. Um exemplo de um verso contraditório é o Corão 8:39: “E combata até não haver mais rebelião e [até] que a religião seja completamente por Allah. E se eles cessarem – então, Allah será visto pelo que eles fazem.” Note que a conversão ao Islam (‘até que toda a religião seja por Allah’) é aqui indicada como um objetivo militar, tornando inócua a tal “não compulsão em religião”.

Uma contradição como esta somente pode ser resolvida pela aplicação da “Lei de Ab-Rogação”, na qual a revelação posterior substitui a mais antiga. Então, a posterior “combata até que toda a religião seja completamente por Allah” (Corão 8:39) bate a mais antiga “não há compulsão em religião” (Corão 2:256).

Em resumo: O Corão está cheio de incitamentos ao uso de violência contra descrentes. Esses incitamentos carregam imensa autoridade escritural e a cada esforço dos, assim chamados, moderados para explicá-los falha miseravelmente. Isso, infelizmente, é a realidade que todos os não-muçulmanos tem que encarar.

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NOTAS:
Extraído do livro “Árabe para Descrentes – 8 palavras que todo o não-muçulmano deve conhecer”, de Peter Townsend, que pode ser obtido gratuitamente em pdf de 50 páginas no link:







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